Ao contrário de filmes como Corra!, com suas viradas assustadoras, o Oscar comemorou seus 90 anos com uma festa-padrão. Apesar de todo o clima político que cercava o evento, não houve discursos arrebatados — Frances McDormand foi a honrosa e maravilhosa exceção — nem surpresas na distribuição dos prêmios. A Forma da Água, do mexicano Guillermo Del Toro, fez aquilo que se esperava dele e levou a maior parte das estatuetas da noite, incluindo as de melhor filme e diretor.
Em um discurso em que lembrou que é imigrante — e desterrado –, o mexicano Guillermo Del Toro procurou insuflar coragem e esperança. “Quando criança, eu via filmes no México e achei que isso nunca fosse acontecer comigo. Chutem a porta e façam acontecer”, disse, com a estatueta principal do Oscar nas mãos.
Dunkirk ficou em segundo lugar em número de prêmios, com três estatuetas de categorias técnicas. Três Anúncios para um Crime, cotado para o principal troféu da noite, ganhou nas categorias de melhor atriz, para Frances McDormand, e ator coadjuvante, com Sam Rockwell. Viva – A Vida É uma Festa, Blade Runner 2049 e O Destino de uma Nação ficaram, cada um, com duas estatuetas. O último ganhou em melhor maquiagem e deu a Gary Oldman seu primeiro Oscar de melhor ator. Viva levou os prêmios de melhor animação e trilha sonora.
Entre os demais indicados, destacaram-se Me Chame pelo Seu Nome (melhor roteiro adaptado), Corra! (roteiro original) e Trama Fantasma (figurino).
Jimmy Kimmel, muito mais bem comportado e contido neste ano do que em 2017, chegou a mencionar a questão do assédio sexual logo no início da festa. Ao encarar uma réplica gigante da famosa estatueta dourada, brincou, “Não tem pênis, este é o homem ideal para esta cidade (Los Angeles)”. Em seguida, citou nominalmente Harvey Weinstein, o superprodutor acusado de assédio e estupro por dezenas e dezenas de mulheres.
Neste sábado, o prêmio Framboesa de Ouro, espécie de paródia do Oscar, incluiu Weinstein entre os “mortos de 2017”.