‘Game of Thrones’, episódio 4: é nos bastidores que se trava a guerra
Depois de batalha épica contra mortos-vivos, série volta a apostar nos bons diálogos e nas intrigas políticas para retomar o prumo
(ATENÇÃO: Este texto contém spoilers do quarto episódio da temporada final de Game of Thrones.)
Não importa quantas Batalhas de Winterfell encham (ou forcem) os olhos do público, não importa quantos meses ou milhões de dólares se gaste para realizá-las, não é na guerra que Game of Thrones cumpre sua vocação. No quarto episódio da oitava temporada, a série finalmente se lembrou disso e reencontrou o tom, dando espaço para as conversas e o jogo de influência de que fala o título.
Após a pretensiosa (e questionavelmente bem-sucedida) luta contra os Caminhantes Brancos, os protagonistas do episódio anterior queimaram seus mortos e foram festejar – uma oportunidade para Tyrion Lannister (Peter Dinklage) recuperar um pouco do protagonismo perdido na trama. Jogado a escanteio desde que matou o pai na quarta temporada, o anão brincou com seu velho apelido de “duende”, relembrou o perfil mulherengo de temporadas atrás e voltou a despejar sarcasmo sem piedade (até que enfim).
E foi nos diálogos entre Tyrion e Lorde Varys (Conleth Hill) que pareceu se desenhar o futuro da série. Descontente com as atitudes de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), o conselheiro passou a considerar outras opções de monarca. Tyrion também mostrou dúvidas, mas escolheu manter sua fé na rainha – ele é novo nisso, Varys não. A alternativa veio na forma do segredo mais mal guardado do reino: a descendência real de Jon Snow (Kit Harington) – ou Aegon Targaryen –, um líder natural, bondoso e inclinado ao diálogo. Será que ele duraria no trono?
Enquanto os conselheiros tramavam nos bastidores, Arya Stark (Maisie Williams) e Sandor Clegane, o Cão (Rory McCann), preferiram resolver as coisas com as próprias mãos. Cada um em seu cavalo, eles partiram sozinhos para Porto Real antes mesmo do exército – ela, para cortar Cersei Lannister (Lena Headey) de sua lista; ele, para o acerto de contas final com seu irmão, Gregor Clegane (Hafthór Júlíus Björnsson), ou o que restou dele. O episódio não mostra, mas é de se pensar se eles conseguiram chegar antes das tropas, e já estão rondando o castelo em busca de uma brecha.
Quem também saiu de fininho foi Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau), que, como o irmão, teve um déjà vu de seus primeiros atos. O cavaleiro foi o personagem que mais se transformou na série, de capacho cego da irmã-amante, agressor de crianças e assassino de sangue frio, a soldado humilde do exército opositor e companheiro de Brienne de Tarth (Gwendoline Christie). Jaime, porém, não deixou claro se retornou para enfrentar Cersei ou se juntar a ela – ambos os casos dariam desfechos coerentes para o anti-herói. O que é certo é que dificilmente ele vai voltar de sua jornada.
Na capital, aliás, as coisas já estão saindo do controle. No caminho, a esquadra de Daenerys foi atacada pelos navios munidos de lanças de Euron Greyjoy (quando é que vão dar fim a esse vilão tão conveniente interpretado por Johan Philip Asbæk?), o dragão Rhaegal sucumbiu e Missandei (Nathalie Emmanuel) foi capturada. Cersei se planejou, a rainha Targaryen se precipitou, e o resultado era óbvio.
Diante do muro de Porto Real, que Cersei abriu ao povo para usá-lo de escudo, Tyrion ainda tentou uma última negociação. Sem sucesso. Cruel como sempre, Cersei nem titubeou antes de mandar cortar a cabeça de Missandei. A guerra, enfim, estava declarada. Para o próximo episódio, é claro. Agora é esperar.