Considerado um dos melhores maquiadores do cinema, Kazuhiro Tsuji se afastou de Hollywood em 2012, após Looper: Assassinos do Futuro. O plano de deixar o show business, contudo, nasceu em 2000, quando ele trabalhou em O Grinch, com Jim Carrey. O filme, que lhe rendeu uma estatueta de melhor maquiagem no Bafta, também o levou ao divã da psicoterapia.
Em entrevista à Vulture, Tsuji falou sobre a pressão e a dificuldade de trabalhar com o ator. “No set, Carrey era muito grosseiro com todo mundo. Era difícil concluir o trabalho”. Segundo ele, duas semanas de filmagens representavam apenas três dias, pela constante mudança na agenda e sumiços do ator. “Era impossível filmar algo.”
Para se transformar no personagem Grinch, Carrey se submetia a horas de maquiagem, processo que o deixava irritado. “Um dia, ele simplesmente se levantou, olhou no espelho, e disse que a cor da maquiagem estava diferente da feita no dia anterior. Eu tinha usado a mesma cor. Ele disse: ‘arrume isso’. E eu ‘arrumava’. Todos os dias tínhamos algum problema.”
Pela exaustão do trabalho, Tsuji conseguiu alguns dias de folga. O objetivo dos produtores era afastar o maquiador para que Carrey percebesse a importância dele. O plano funcionou e o ator o telefonou, pedindo para que ele voltasse ao trabalho. Em seguida, passou a se comportar.
Com a experiência, Tsuji foi para a terapia e concluiu que não seria saudável trabalhar em ambientes como aquele. “Sou introvertido”, disse o artista japonês, que passou a investir em esculturas e artes plásticas como opção de carreira.
Após anos afastado dos sets do cinema, Tsuji retornou a convite de Gary Oldman, para o filme O Destino de uma Nação. O trabalho de transformar o ator no primeiro-ministro Winston Churchill rendeu a ele sua terceira indicação ao Oscar de melhor maquiagem.