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Jules Feiffer: morre o mestre da sátira e da sensibilidade

O artista americano morreu em sua casa, em Richfield Springs, Nova York, em decorrência de insuficiência cardíaca congestiva

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jan 2025, 08h57 - Publicado em 22 jan 2025, 08h35

O cartunista, autor, dramaturgo e roteirista americano Jules Feiffer (1929-2025) foi um homem à frente de seu tempo, ao equilibrar em seu trabalho uma visão mordaz do mundo com um olhar generoso para os seres humanos que o habitam. Foi capaz de abraçar e entender o universo maniqueísta dos super-heróis e mais adiante retratar situações cotidianas cheias de nuances em seus cartuns, peças, roteiros e livros. Tornou-se uma referência indelével em seu campo. O mundo das artes gráficas e da cultura pop perdeu esse gigante na sexta-feira, 17. Ele morreu em sua casa, em Richfield Springs, no estado de Nova York, em decorrência de insuficiência cardíaca congestiva. Tinha 95 anos.

A trajetória de Feiffer começou cedo, aos 17 anos, como assistente de ninguém menos que Will Eisner, no estúdio do criador de The Spirit. Aprendeu o ofício e, com o tempo, assumiu a criação de histórias para o personagem. Em 1956, Feiffer se juntou ao nascente Village Voice, semanário que se tornaria referência cultural nas décadas seguintes. Foi lá que sua tira, com seus desenhos elegantes, diálogos afiados e personagens memoráveis, como a “bailarina”, conquistou o público.

A fama se consolidou com a distribuição da tira para centenas de jornais, e o talento de Feiffer se expandiu para o teatro, cinema e literatura, com peças, filmes, livros infantis e adultos. No Brasil, algumas de suas obras mais conhecidas sãoO Homem no Teto e Pequenos Assassinatos. Para fãs de quadrinhos, The Great Comic Book Heroes  é leitura obrigatória, um dos primeiros estudos sérios sobre super-heróis.

Quais temas o moviam?

Os temas de Feiffer giravam em torno das relações humanas, sexo, casamento, política e a vida urbana, sempre com um olhar crítico e perspicaz sobre as neuroses da sociedade moderna. O humor ácido e a sensibilidade presente em suas obras influenciaram artistas como Woody Allen, outro novaiorquino com raízes na cultura judaica.

Mesmo aos 85 anos, Feiffer continuava inovando, lançando sua primeira graphic novel, Mate Minha Mãe, uma história noir com toques de humor. Vale destacar também o filme Ânsia de Amar (Carnal Knowledge, 1971), escrito por Feiffer e dirigido por Mike Nichols, um retrato cru e, talvez, ainda mais relevante hoje, sobre a masculinidade tóxica.

Infelizmente, grande parte da obra de Feiffer permanece inédita em português, e mesmo em inglês muitos títulos estão fora de catálogo. Uma perda para o leitor contemporâneo, que se vê privado de um artista que soube como ninguém unir crítica social, inteligência e humor. Jules Feiffer nos deixa um legado de sagacidade e sensibilidade, um convite a questionar o mundo e a nós mesmos com um sorriso no rosto.

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