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Klara Castanho: ‘Aos 15, eu não gostava do que via no espelho’

Atriz, que começou ainda criança na TV, lança filme 'Confissões de uma Garota Excluída', na Netflix, e fala sobre aceitação e o público adolescente

Por Amanda Capuano Atualizado em 1 out 2021, 19h03 - Publicado em 23 set 2021, 13h12
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  • Klara Castanho estreou na televisão como a fofíssima Bel, na minissérie da GNT Modern, aos 6 anos de idade, e não demorou a conquistar admiradores por seu talento precoce. Três anos depois, então no auge de seus 9 anos, ela deixou a fofura para trás e deu dor de cabeça ao público com as maldades da vilã-mirim Rafaela, que animou a trama de Viver a Vida. Na época, ela chegou a passar por uma situação embaraçosa quando, num mercado, uma senhora, claramente sem saber distinguir ficção da realidade, ou pior, o fato de que se tratava de uma criança, esbravejou: “eu não gosto de você”. O que poderia ser um trauma foi vertido por Klara em vocação. “Percebi naquele momento que eu era uma atriz de verdade”, contou ela a VEJA quando foi eleita uma das grandes promessas jovens do país pela revista, em 2020.

    Prestes a completar 21 anos, no dia 6 de outubro, a paulista de Santo André ainda ostenta uma feição juvenil, o que lhe permite assumir com desenvoltura a protagonista adolescente de Confissões de uma Garota Excluída, adaptação do livro de Thalita Rebouças que chegou nessa quarta-feira, 22, na Netflix. Para ela, a soma da experiência vivida nesta fase e a possibilidade de interpretar uma garota de 15 anos lhe dá a chance de contar as histórias que ela gostaria de ter ouvido com a mesma idade.

    Em entrevista a VEJA, a atriz fala sobre a produção e a mensagem de autoaceitação que gostaria de passar. Confira:

    Você começou na TV, passou pelo teatro, cinema e agora chega à maior plataforma de streaming do mundo com o filme Confissões de Uma Garota Excluída. Como analisa essa jornada sendo ainda tão jovem? É um privilégio muito grande. Cada um desses meios tem seu brilho próprio. Passei muitos anos na televisão aberta, fazendo novelas, formato que alcança milhões de pessoas no país. Já o streaming tem um alcance diferente, ao chegar em tantos países e línguas distintas. Tenho a sorte de poder circular e experimentar cada uma dessas oportunidades.

    Sua personagem, Tetê, é uma adolescente de 15 anos. Você tem 20, fase em que muitas atrizes assumem uma postura mais adulta para deixar o passado de atriz-mirim para trás. Por que essa escolha? Eu acredito que preciso contar histórias, ser a vitrine ou o espelho do que eu mostro. Quando você tem 15 anos, está vivendo o caos daquele momento. Quando você tem 20 e conta o caos dos 15, então tem um brilho diferente no olhar, pois já superou o que passou. Sem falar que 90% da minha carreira foi voltada para o público adolescente. Tenho uma feição mais jovem do que eu realmente sou, então esse é o momento em que vou conseguir contar as melhores histórias.

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    Que tipo de histórias são essas? A Tetê, por exemplo, traz uma mensagem maravilhosa de autoaceitação, de entender a sua imagem e respeitar os seus limites, os seus parâmetros de beleza, o seu corpo e a sua realidade. Todas as vezes em que eu escolho um personagem, eu penso em como eu reagiria assistindo essa história na idade dele. Para a Klara de 15 anos, a Tetê seria crucial, porque era uma fase em que eu não gostava do que eu via no espelho. Se eu voltasse no tempo, e pudesse ver a Tetê num filme, ficaria muito grata.

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    Klara Castanho como Tetê em ‘Confissões de Uma Garota Excluída’ (Netflix/Divulgação)
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    Klara Castanho ao lado de Thalita Rebouças, autora de Confissões de Uma Adolescente Excluída (Reprodução/Instagram)
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    Sente algum peso da responsabilidade de ser um exemplo para adolescentes? Qualquer figura pública acaba se policiando, porque as pessoas são diretamente influenciadas por tudo que consomem. Eu nunca me privei de nada por achar que estaria sendo uma má influência, até porque eu sempre fui uma pessoa muito regrada e tive um respaldo familiar grande para seguir o caminho certo de acordo com o que a gente acredita. Sempre vai ter alguém para discordar, mas se você está alinhada com o que acredita e com o que quer para a sua vida, já está com mais da metade do caminho andado. Eu só abro a minha boca quando eu tenho conhecimentos sobre o assunto para falar.

    Você se emancipou aos 16 anos por causa do trabalho como atriz. Como é, hoje, sua relação familiar? Minha família é crucial em todos os aspectos da minha vida, me apoiou em cada decisão, até quando, na infância, sai de casa com a minha avó para morar no Rio durante um período de gravação. Meus pais sempre me deram um senso de realidade muito grande. Rolou um período em que eles me tiraram das redes sociais, porque consideraram que não estava sendo algo benéfico para mim. Nós sempre fomos muito honestos em casa, e nunca existiu nenhum tabu. Mesmo sendo emancipada, eu ligo pra minha mãe até pra escolher roupa. É um respaldo importante.

    Como anda sua relação com as redes sociais? Eu tento manter a minha vida particular muito privada. Uso as redes para divulgar meu trabalho e passar uma mensagem legal, conversar com fãs sobre assuntos que podem ser benéficos para quem está ali. Eu tento usar as redes sociais a meu favor, mas entendendo que, a partir do momento em que postamos algo, podemos perde o controle sobre seu alcance. Tenho isso em mente para guiar o que eu devo ou não postar e compartilhar, e hoje tenho uma relação saudável com as redes. 

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