O novo filme de Lars Von Trier é bem Lars Von Trier, por assim dizer. Aos familiarizados com a obra do controverso cineasta dinamarquês, sabe-se que ele é afeito a cenas fortes e que mergulha sem pressa no vazio da violência. O combo aparece completo e potencializado no filme The House that Jack Built, sobre um assassino em série. A produção, contudo, deixou desgostosos muitos convidados que participaram da sessão de gala na noite desta segunda-feira no Festival de Cannes. Publicações no Twitter reclamam dos excessos do diretor, e mostram algumas dezenas de pessoas que deixaram a projeção no meio.
Reportagem de VEJA assistiu ao filme na sessão destinada à imprensa nesta manhã, onde a reação foi diferente. Os críticos acompanharam atentos o longa até o fim, e muitos chegaram a aplaudir quando subiram os créditos.
Matt Dillon interpreta Jack, um engenheiro com aspirações de arquiteto, mas que, na verdade, é um serial killer. Enquanto ele projeta sua casa perfeita, conta detalhes de cinco assassinatos que cometeu. Alguns mais brutais que outros, que chegam a ganhar um tom de humor negro pela maneira como acontecem. Atormentado por um transtorno obsessivo compulsivo (TOC), ele é meticuloso na limpeza dos locais e no sumiço dos corpos, levados para um antigo depósito refrigerado de pizzas, característica que lhe rende o apelido de Mr. Sophistication (Sr. Sofisticado, em tradução livre).
Assim como a obra anterior do cineasta, Ninfomaníaca, o protagonista conta a sua história a um homem desconhecido, e tenta chocá-lo. Apesar das atrocidades, ele demora um bocado para completar a missão de deixar o interlocutor boquiaberto.
A exibição do longa marca o retorno de Lars Von Trier ao festival de cinema francês, de onde foi banido em 2011 por fazer piadas consideradas nazistas durante uma conversa com a imprensa. Este ano, o cineasta passou longe da sala de coletivas. Mesmo assim, não conseguiu se livrar das polêmicas.
Confira abaixo algumas reações ao seu novo filme:
“Eu nunca vi nada assim em um festival de cinema. Mais de 100 pessoas saíram da sessão de The House that Jack Built, do Lars Von Trier, que contém cenas de mutilação de mulheres e crianças. ‘Nojento’, disse uma mulher antes de deixar a sala.”
“Foi com rapidez que a plateia sumiu do cinema depois do filme.”
“Acabo de sair do filme The House that Jack Built, do Lars Von Trier. Nojento. Pretensioso. Vontade de vomitar. Uma tortura. Patético.”