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Livrarias da França querem status de ‘serviço essencial’ no lockdown

Com aumento de casos de Covid-19 no país, lojas de livros francesas querem ser consideradas tão essenciais quanto farmácias e supermercados

Por Tamara Nassif Atualizado em 3 nov 2020, 18h37 - Publicado em 30 out 2020, 10h31

Assim como muitos países no mundo, a França passou pelas diversas fases da pandemia, do confinamento total, até a flexibilização e agora, infelizmente, enfrenta um aumento de casos de Covid-19. Novas restrições foram aplicadas pelo presidente Emmanuel Macron. Bares, cinemas, museus e outras atividades consideradas não-essenciais deverão baixar as portas em um novo lockdown. Um setor em especial, porém, espera furar essa previsão: as livrarias.

Nesta quinta-feira, 29, sindicatos franceses de editores, livreiros e autores se uniram em um comunicado conjunto, que pede para que as livrarias permaneçam abertas e sejam consideradas tão essenciais quanto supermercados e farmácias. Nomeada de “Ler é viver”, a carta diz que a “literatura é uma atividade essencial para as vidas cívicas e individuais” e que o “extraordinário apetite pela leitura entre os franceses foi mais uma vez confirmado nos últimos meses, quando os livros satisfizeram as necessidades de reflexão, fuga, distração e comunicação, mesmo em isolamento”.

Com o Natal batendo à porta, o apelo também leva em conta a capacidade das livrarias em atender remotamente aos pedidos em massa, característicos dos últimos dois meses do ano e que reúnem mais de 1/4 das vendas anuais, de acordo com as associações. “Livros têm sido o presente mais popular dos franceses há anos. Como desistir agora?”

As associações ainda argumentam que as livrarias estão “perfeitamente aptas a acomodar leitores em condições sanitárias seguras”, uma vez que puderam se organizar desde o primeiro confinamento – que não só as pegou de surpresa como também feriu profundamente a indústria do livro. Exemplo disso é a icônica Shakespeare and Company, ponto turístico de Paris, historicamente frequentada pela alta sociedade literária, como F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e James Joyce no começo do século XX, e que, por causa das medidas de contenção da pandemia, teve uma queda de 80% no número de vendas desde março.

“Não estamos falidos, mas já usamos todas as nossas economias”, disse a proprietária Sylvia Whitman ao jornal britânico The Guardian. Na última quarta-feira, 28, a livraria disparou um e-mail aos clientes para dizer que estava passando por “tempos difíceis” e que “ficaria especialmente grata por novos pedidos no site”.

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Shakespeare and Company é uma das 3.000 livrarias independentes espalhadas ao redor do país – estas, xodós da população francesa. “Nossos leitores, apegados à livraria independente, não entenderiam o fechamento e veriam isso como uma injustiça”, escrevem as associações. Com o pedido para que o “confinamento social não seja também cultural”, o comunicado reacende o debate sobre o papel da cultura em tempos de isolamento social e pinga a pergunta: é, ou não, um serviço essencial?

A provocativa questão ecoa em outros setores culturais, como na ansiedade de exibidores de cinema em reabrir salas ao redor do mundo e nas recém-inauguradas exposições em museus, que ofertam um entretenimento em muito diferente das plataformas de streaming. Aos olhos amuados pelas telas digitais, protagonistas das interações humana nos últimos sete meses, gastar a vista em livros já não parece mais tão desagradável assim.

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