Mallu Magalhães investe no samba, no suor e no suingue no clipe de Você Não Presta, música de seu novo álbum, que deve sair ainda este ano. A combinação, clássica no Carnaval, foi no entanto mal vista para uma parte do público da cantora, para quem Mallu, ao dançar à frente de corpos negros brilhosos e requebrantes — quase todos os dançarinos do clipe são negros e estão besuntados de uma espécie de óleo — está sendo racista. Mallu Magalhães, intérprete e compositora de Você Não Presta, é alvo de inúmeras pedradas nas redes sociais, postadas e republicadas por anônimos e por grupos como o Coletivo Sistema Negro, o mesmo que denunciou a brincadeira infeliz da apresentadora Luciana Gimenez ao chamar os empregados de “senzala”.
Para críticos, o vídeo trata os negros como objetos sexuais: seus corpos estariam mais à mostra, graças às roupas mais curtas, lembrando o tempo em que negros eram vistos meramente como objetos ou instrumentos de trabalho, por isso valorizados pelo vigor e pela força física. Outro motivo de queixa é o fato de Mallu estar sempre à frente do grupo de dançarinos — vale lembrar, porém, que ela é a estrela do clipe.
A camiseta usada pela cantora também foi motivo de discussão: ela é estampada com a imagem do Oscar de 2002, em que dois atores negros foram premiados: Denzel Washington e Halle Berry, o que foi visto apenas como uma estratégia de divulgação, pois a cantora nunca se envolveu em questões raciais anteriormente.
No material de divulgação do clipe, Mallu explica que escolheu Você Não Presta como primeiro single do novo disco, pois queria “colocar para fora uma energia de atitude, uma onda tão urbana quanto selvagem”. Aqui, mais gente ficou melindrada: estaria a cantora chamando os negros de “selvagens”?
Como se vê, há um exagero nisso tudo, embora queixas raciais sejam legítimas e mereçam ser ouvidas.
Até, agora a cantora não se pronunciou sobre o caso. Ela já anunciou shows no Brasil em agosto.