Marcelo Médici em ‘Rocky Horror Show’: ‘Uma diva viril’
A peça, em cartaz no Teatro Porto Seguro, revê o clássico dos anos 70 de Richard O'Brien
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“Estou muito feliz com esta nota agora”, elogia o diretor musical Jorge de Godoy, durante ensaio do musical Rocky Horror Show, da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. “Ele parece legal, mas bate na gente”, sussurra em seguida, em tom de confidência, o ator Marcelo Médici sobre o exigente maestro, de apenas 25 anos. Médici, que volta aos musicais dez anos depois de Sweet Charity (2006), é o responsável por dar vida ao cientista Frank-N-Furter.
A história começa quando o pneu do carro de um jovem casal, Brad Majors (Felipe de Carolis) e Janet Weiss (Bruna Guerin), fura. Eles decidem procurar ajuda em um castelo da região, onde são recebidos por um cientista maluco (Médici) e os excêntricos Riff Raff (Thiago Machado), Magenta (Gottsha), Columbia (Jana Amorim) e os Fantasmas (Vanessa Costa e Thiago Garça). A história a partir desse ponto é repleta de referências aos filmes B, com o horror peculiar e o tom forçado: Frank, o cientista, busca criar um homem perfeito para satisfazer seus desejos.
O enredo pode soar bastante familiar. A peça original, escrita por Richard O’Brien, estreou em 1973 em um pequeno teatro londrino de apenas 63 lugares. O sucesso foi tão grande que no ano seguinte o texto virou filme estrelado por Tim Curry e Susan Sarandon, o Rocky Horror Picture Show. A versão cinematográfica tornou-se um símbolo do cult, com suas sessões especiais sempre à meia-noite para uma plateia de fãs fantasiados como os personagens.
VEJA visitou os bastidores da montagem em um dia de espetáculo. No camarim feminino, Gottsha, Jana Amorim (Columbia) e Bruna Guerin (Janet Weiss) cantarolavam músicas do grupo britânico Spice Girls, enquanto no camarim masculino Marcel Octávio, que vive o ótimo Narrador, gabava-se por não ter recebido nenhuma nota de Jorge de Godoy – as notas são advertências para erros e pontos a melhorar. Já Médici, em seu próprio camarim, retocava a maquiagem marcante e pesada de Frank. “A maquiagem de teatro sempre me fascinou: de perto chega a ser assustadora, mas no palco ela some.”
Na versão brasileira para os palcos, continuam as músicas originais da montagem, em versões traduzidas por Claudio Botelho, como Damn It, Janet, Sweet Transvestite, Touch-a-Touch-a-Touch-a-Me e a música-tema Time Warp. Durante a reprise da última, ao final do espetáculo, são convidados a subir no palco os fãs fantasiados de personagens do show, uma tradição que se estabeleceu mundialmente nas montagens de Rocky Horror Picture Show.
A direção do espetáculo é de Charles Möeller e completam o elenco Marcel Octávio (Narrador), Felipe Mafra (Rocky) e Nicola Lama (Eddie e Dr. Everett V. Scott). A peça está em cartaz de sexta a domingo no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, até 26 de março.