Morre estrela da ópera Jessye Norman, aos 74 anos
Cantora lírica vencedora de quatro estatuetas no Grammy também era reconhecida por forte ativismo social
A soprano americana Jessye Norman, vencedora de quatro prêmios no Grammy Awards, morreu na manhã desta segunda-feira, aos 74 anos, na cidade de Nova York. A informação é de Gwendolyn Quinn, porta voz da família.
De acordo com a declaração dada a agência Associated Press, a cantora lírica, que estava internada no Mount Sinai St Luke’s Hospital, foi vítima de um choque séptico e falência múltipla de órgãos decorrente de complicações de uma lesão na medula espinhal ocorrida em 2015.
“Nós estamos orgulhosos das conquistas musicais de Jessye e da inspiração que ela foi para plateias por todo o mundo. Estamos igualmente orgulhosos de sua humanidade e seu ativismo em causas como a fome, falta de moradia, o desenvolvimento de jovens e a educação de arte e cultura”, diz o comunicado da família.
A soprano começou a carreira na década de 1960, na ópera Aida, de Giuseppe Verdi. Com a francesa Les Troyens, de Hector Berlioz, fez sua estreia nos palcos no tradicional Metropolitan Opera, em Nova York, em 1983. Sua trajetória foi marcada pela voz imponente, cantada com pouco esforço, entoando grandes peças de nomes como Johann Strauss e Wagner. Ela também circulou por palcos menos eruditos, como o Festival de Jazz de Montreux, confira no vídeo abaixo:
Jessye nasceu em Augusta, Georgia, nos Estados Unidos, em uma família musical. Seu pai cantava na igreja batista que frequentava, sua mãe e avó eram pianistas. Jessye seguiu os passos do patriarca e começou a entoar canções cristãs. Estudou canto na Universidade de Howard em Washington, e continuou a se aprimorar, passando por conservatórios em Maryland e Michigan. Se mudou para a Europa, onde fechou um contrato com a Ópera de Berlim. Continuou a se apresentar pelo continente até retornar aos Estados Unidos, já com status de estrela.
Para além dos palcos, Jessye teve um forte envolvimento em causas sociais. Em 2003, a cantora fundou a The Jessye Norman School of the Arts for Economically Disadvantaged Students, fundação de educação de artes para jovens economicamente carentes na sua cidade natal. No ano anterior, realizou uma performance tocante de America the Beautiful no memorial do World Trade Center em homenagem às vítimas do ataque terrorista. A soprano ainda era ativa na luta contra a fome no desenvolvimento juvenil. Lançou uma biografia, intitulada Stand Up Straight and Sing, no ano de 2014.