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Morre Moraes Moreira, dos Novos Baianos, aos 72 anos

Cantor e compositor assinou boa parte das músicas do grupo que fez sucesso nos anos 70 e é considerado pioneiro da tradição dos trios elétricos do Carnaval

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 abr 2020, 14h47 - Publicado em 13 abr 2020, 11h52
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  • Morreu o cantor e compositor Moraes Moreira, aos 72 anos, nesta segunda-feira, 13, em sua casa no Rio de Janeiro. A causa da morte ainda é desconhecida. Baby do Brasil, colega de Moreira na banda Novos Baianos, confirmou a informação a VEJA. “Nos pegou de surpresa. Ainda estamos recebendo informações sobre o que aconteceu. Parece que ele estava dormindo. Não foi uma morte com sofrimento, não foi uma dor. Pelo menos isso nos consola um pouco. Tudo indica que foi um infarto fulminante dormindo”, disse a cantora.

    Nascido Antônio Carlos Moraes Pires, em 1947, na cidade de Ituaçu, na Bahia, Moraes Moreira aprendeu ainda na adolescência a tocar violão. Em Salvador, conheceu os amigos Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão, com quem formou o grupo Novos Baianos, do qual fez parte entre 1969 e 1975 — e retornou duas vezes, em 1997 e em 2016, para shows especiais que renderam os discos ao vivo Infinito Circular e Acabou Chorare – Novos Baianos se Encontram. Habilidoso compositor, assinou faixas como Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira, A Menina Dança e Preta Pretinha, entre muitas outras. Mostrou também uma rara facilidade em mesclar ritmos, do rock e do erudito ao frevo, baião e samba: salada rítmica que fez da banda uma das mais interessantes e elogiadas da história da música nacional.

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    Ao seguir carreira solo, Moreira continuou a entregar um trabalho primoroso e inovador, com populares faixas como Pombo Correio e Vassourinha Elétrica. É considerado o primeiro cantor de grande alcance a participar de um trio elétrico na Bahia, ao lado de Dodô e Osmar, pioneiros do formato de carros de rua que conduzem multidões nos carnavais baianos.

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    Há três semanas, Moreira publicou em suas redes sociais um cordel, inspirado no momento de isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19. Leia:

    Quarentena (Moraes Moreira)

    Eu temo o coronavírus
    E zelo por minha vida
    Mas tenho medo de tiros
    Também de bala perdida,
    A nossa fé é vacina
    O professor que me ensina
    Será minha própria lida

    Assombra-me a pandemia
    Que agora domina o mundo
    Mas tenho uma garantia
    Não sou nenhum vagabundo,
    Porque todo cidadão
    Merece mas atenção
    O sentimento é profundo

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    Eu não queria essa praga
    Que não é mais do Egito
    Não quero que ela traga
    O mal que sempre eu evito,
    Os males não são eternos
    Pois os recursos modernos
    Estão aí, acredito

    De quem será esse lucro
    Ou mesmo a teoria?
    Detesto falar de estrupo
    Eu gosto é de poesia,
    Mas creio na consciência
    E digo não a todo dia

    Eu tenho medo do excesso
    Que seja em qualquer sentido
    Mas também do retrocesso
    Que por aí escondido,
    As vezes é o que notamos
    Passar o que já passamos
    Jamais será esquecido

    Até aceito a polícia
    Mas quando muda de letra
    E se transforma em milícia
    Odeio essa mutreta,
    Pra combater o que alarma
    Só tenho mesmo uma arma
    Que é a minha caneta

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    Com tanta coisa inda cismo….
    Estão na ordem do dia
    Eu digo não ao machismo
    Também a misoginia,
    Tem outros que eu não aceito
    É o tal do preconceito
    E as sombras da hipocrisia

    As coisas já forem postas
    Mas prevalecem os relés
    Queremos sim ter respostas
    Sobre as nossas Marielles,
    Em meio a um mundo efêmero
    Não é só questão de gênero
    Nem de homens ou mulheres

    O que vale é o ser humano
    E sua dignidade
    Vivemos num mundo insano
    Queremos mais liberdade,
    Pra que tudo isso mude
    Certeza, ninguém se ilude
    Não tem tempo,nem.idade

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