O trecho do seu livro que fala de uma pandemia viral em 2020 se propagou nas redes sociais. Como recebeu essa notícia? Um dia meu celular se encheu de mensagens com perguntas sobre o trecho, se era verdadeiro. Eu não me lembrava de tê-lo escrito. Abri o livro com a intenção de provar que era falso. Para minha surpresa, eu escrevi aquilo.
Lembra de onde veio a inspiração? Sempre quis escrever um livro, mas não me achava capaz. Até que tive um sonho e decidi registrá-lo, para não esquecê-lo. A história foi se desenrolando com fluidez e, quando me dei conta, passava de 100 páginas. Na época, estava me aprofundando em temas como misticismo. Eu me formei em naturologia e sou kardecista, então adicionei esses conhecimentos à obra.
Mas como pensou justamente em 2020 como o ano de uma pandemia? Li bastante sobre saberes antigos, como a geometria sagrada, que convergiam para uma transição planetária que afetaria a consciência das pessoas. Muitos escreveram sobre isso, mas Chico Xavier deu uma data: 2019. Então eu pensei que, se a transição viria em 2019, o caos aconteceria em 2020, pois o caos é necessário para trazer ordem. A protagonista se chama Madhu. É uma adolescente que vai viver em uma nave intergaláctica enorme, um mundo à parte, onde ela fará amizade com androides, extraterrestres e seres híbridos. Madhu tem de superar medos e conhecer a si mesma para ajudar a formar uma nova realidade na Terra.
Como se sente com a fama de vidente? Ainda estou tentando entender isso. Não tenho mediunidade. Não sou vidente. Minha hipótese é que o artista consegue deixar a alma falar através da arte. Que existe propósito nisso tudo. Foi meu interior falando. Não acredito em coincidência. Mas gosto de deixar claro que meu livro é de ficção científica. A verdade da ficção está nas metáforas, qualquer um entende como quer.
Agora que o livro é best-seller, conseguiu o retorno do investimento inicial? Nem tenho pensado nisso. Foi caro publicá-lo, peguei 15 000 reais emprestados do meu marido — que não paguei até hoje! Já fico feliz com o retorno dos leitores. Queria que as pessoas entendessem que o futuro só será sombrio se deixarmos. Que precisamos ter amor-próprio, gratidão, e passar isso adiante. Agora, tenho pensado em uma continuação. Será sobre o futuro após a realidade semeada pela Madhu. Acredito que teremos um futuro brilhante.
Publicado em VEJA de 6 de maio de 2020, edição nº 2685