Netflix contrata desenvolvedor de games e deve lançar jogos em 2022
Mike Verdu é ex-funcionário do facebook e da Electronic Arts, e já trabalhou na criação de jogos como 'Plants vs Zombies' e 'Star Wars: Galaxy of Heroes'
A Netflix deu o primeiro passo rumo ao mundo dos videogames com a contratação de um executivo americano que deve assumir o posto de vice-presidente de desenvolvimento de games na plataforma. Segundo a Bloomberg, que divulgou a contratação de Mike Verdu na noite da quarta-feira, 14, a empresa pretende lançar os primeiros jogos já no próximo ano, como um novo gênero dentro da plataforma, sem cobrança extra pelo serviço.
Antes de ser contratado pela gigante do streaming, Verdu atuava como VP de conteúdo do Facebook Reality Labs, onde supervisionou a Oculus Studios, braço de games da plataforma, e a produção de jogos de realidade virtual. Ele também esteve à frente da seção de dispositivos móveis da Electronic Arts, onde foi responsável por jogos como a trilogia Senhor dos Aneis, SimCity, Plants vs Zombies, Real Racing 3, The Sims Freeplay, The Simpsons: Tapped Out e Star Wars: Galaxy of Heroes.
Hoje, o mais próximo que a plataforma tem de um jogo são séries interativas, como Bandersnach, derivada de Black Mirror, e Você Radical, em que o espectador faz as escolhas que determinam a sobrevivência de Bear Grylls. Em abril, quando questionado sobre a possibilidade de entrar no mundo dos videogames, Greg Peters, o chefe de produtos da empresa, a quem Verdu se reportará, contou ao Deadline que a expansão estava nos planos: “Não há dúvida de que os jogos serão uma forma importante de entretenimento e uma forma de aprofundar a experiência do fã.”
Ainda em 2019, o CEO Reed Hasting chegou a dizer em um dos balanços da empresa que já havia uma batalha entre a plataforma e os videogames: “Nós competimos (e perdemos) com o Fortnite mais que com a HBO”, comparou ele, que voltou a levantar a possibilidade da entrada da empresa no ramo no últimos meses.
Com o universo bilionário dos games, a Netflix ganha (mais uma) vantagem em relação aos seus adversários. Gigantes da tecnologia, a Amazon e Apple oferecem jogos próprios, mas são serviços independentes das as plataformas de video, e com custo separado aos usuários, sem a lógica do streaming. A Disney até tentou montar uma desenvolvedora, mas só alcançou sucesso quando desistiu da produção autoral e se rendeu ao modelo de licenciamento, em que fica com parte dos lucros de jogos inspirados em suas marcas, como já faz a Netflix com Strager Things.
Se conseguir introduzir com sucesso os games na plataforma, a Netflix terá em mãos um trunfo único, que pode atrair um novo público para a empresa. O investimento também promete mexer com a indústria dos games, dominada por companhias tradicionais como Sony e Nintendo. Em declaração à Bloomberg, o analista Jason Bazinet alertou que a entrada da gigante no ramo traz “riscos óbvios” a grandes desenvolvedores de jogos. “Parece um evento significativo com amplas ramificações no cenário dos videogames.”