‘Nevermind’, do Nirvana, e outras 4 capas de disco que causaram celeuma
Trinta anos depois, bebê retratado no disco processa a banda alegando que foto é pornografia infantil; imagens em álbuns já causaram de censura a boicote
A icônica cena de um bebê mergulhando nu em uma piscina perseguindo uma nota de um dólar, do álbum Nervermind, do Nirvana, continua causando controvérsia 30 anos depois. Spencer Elden, o bebê retratado no disco, decidiu processar a banda por exploração sexual infantil e pede uma indenização de 787 000 reais dos ex-integrantes ainda vivos. Elden alega que era era jovem demais (tinha 4 meses) para consentir que sua imagem fosse veiculada e que seus guardiões legais igualmente não autorizaram. Elden alega, ainda, considerar que a exploração da imagem seria uma forma de pornografia infantil, já que a banda havia prometido cobrir sua genitália e não cumpriu.
Capas de álbuns que causaram problema – e às vezes até mais barulho que as obras em si – não são novidades na indústria musical. E o caso de Nevermind nem de longe é o pior deles. A tática de usar a nudez, por exemplo, sempre foi um chamariz para ganhar notoriedade. No Brasil, alguns álbuns tiveram suas capas censuradas pela ditadura militar ou envelopadas para esconder supostos nus, como em discos de Gal Costa, Caetano Veloso e Tom Zé. Veja a seguir alguns casos:
Led Zeppelin – Houses of The Holy
Em 1972, a banda britânica Led Zeppelin usou a Calçada dos Gigantes, na Irlanda do Norte, como cenário para uma de suas capas mais polêmicas. Ela retratava várias crianças nuas tentando galgar as pedras. A cena é inspirada no livro O Fim da Infância, de Arthur C. Clarke, e a arte foi feita pela empresa Hipgnosis, a mesma que criou capas para bandas como Pink Floyd, AC/DC e Genesis.
Marilyn Manson – Mechanical Animals
Andrógino, o artista Marilyn Manson surge na capa Mechanical Animals, de 1998, com seios, sem os genitais e com seis dedos nas mãos. Por causa disso, algumas grandes lojas de departamento dos Estados Unidos se recusaram a vender o disco, como Wal-Mart e Kmart. Dois anos depois, o artista voltou a causar espécie ao surgir crucificado na capa de Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death). Mais uma vez, Wal-Mart e Kmart se recusaram a vender, e um pastor em Memphis, no Tennessee, ameaçou fazer uma greve de fome se o disco não fosse recolhido.
Guns N’ Roses – Appetite For Destruction
Appettite For Destruction, de 1987, disco de estreia da banda Guns N’ Roses, foi atacado por apresentar uma arte de capa com um desenho de robô assassino atacando uma mulher seminua, com um dos seios de fora e a calcinha abaixada, como se tivesse sido estuprada. Diversas lojas se recusaram a vender o disco e a banda alterou a capa para uma cruz com uma caricatura de caveira dos integrantes. Na época, o vocalista Axl Rose disse que o “robô representava o sistema industrial que está estuprando e poluindo o meio ambiente”. Não colou.
John Lennon e Yoko Ono – Unfinished Music No. 1: Two Virgins
Em 1968, dois anos antes do fim dos Beatles, John Lennon e Yoko Ono lançaram um álbum juntos em que eles surgiam na capa completamente nus e abraçados, onde era possível ver os seus genitais, sem nenhuma tarja ou disfarce. No verso da capa, eles apareciam, igualmente nus, mas de costas. Mesmo na época em que o movimento hippie vivia seu auge, a foto foi um choque. Muitas lojas só aceitaram vender o disco envelopado em papel pardo. Na época, Lennon disse que via a foto de maneira bastante natural. “Estamos todos nus de verdade”, afirmou. Yoko afirmou que o conceito era “apenas ficar em pé, retos. Juntos e abraçados”. A nudez explícita, no entanto, causou indignação nos Estados Unidos. Lennon afirmou alguns anos depois que o alvoroço não tinha a ver com a nudez e, sim, com o fato de o casal não ser particularmente bonito, descrevendo a imagem como “dois ex-drogados ligeiramente acima do peso”.