O tradicional cinema drive-in, que até questão de meses atrás era considerado apenas uma curiosidade arqueológica, ressuscitou com a pandemia do coronavírus. Depois dos Estados Unidos e da Ásia, artistas e empresas movimentam-se para reabilitar também no Brasil esse formato razoavelmente seguro de lazer – e uma nada absurda alternativa para as empresas de entretenimento voltarem a faturar. Mesmo sem uma data certa para o fim das medidas de distanciamento social, já existem pelo menos três projetos de eventos em drive-ins no país.
Um deles será capitaneado pelo cantor Luan Santana. Após duas lives caseiras, o próximo passo do sertanejo será organizar um show ao vivo com fãs, devidamente abrigados dentro de seus carros. A iniciativa, que ainda não tem local definido para ocorrer, está sendo estudada pela equipe do cantor. A previsão é que o show aconteça no final de junho. Até lá, Santana avaliará como estará o quadro da doença no país, podendo adiar o projeto até que seja seguro realizá-lo.
Enquanto isso, estacionamentos de shoppings do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Fortaleza, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte estão na mira da empresa Dream Factory (organizadora do Rio Montreux Jazz e do show de abertura da Copa América). O plano da companhia é usar, a partir de julho, os estacionamentos vazios como palcos para exibições de filmes, shows, apresentações culturais e até palestras. Com o aval das autoridades, a empresa estima que poderia receber, ao longo de três meses, até 2 milhões de pessoas.
A ideia, segundo os organizadores, é cobrar ingressos por carro, independente da quantidade de pessoas por veículo, sendo possível pedir comida por delivery ou comprar de ambulantes – muitos, aliás, perderam a fonte de renda após o fim das atividades ao ar livre. O cinema, é claro, será a atração principal, exibindo lançamentos — muitos filmes foram adiados pela pandemia, mas alguns estúdios planejam o retorno dos lançamentos a partir de julho.
Também no Rio de Janeiro, outra proposta de drive-in vem da casa de shows Jeunesse Arena, que criou o projeto Love Cine Drive-In Theater. O local prevê usar o estacionamento entre 28 de maio e 28 junho para receber as pessoas que quiserem assistir, de dentro do carro, a filmes em uma tela gigante.
O drive-in fez bastante sucesso no Brasil nos anos 1980 e 1990. Depois disso, o nome passou a ser associado a motéis automotivos. Um dos poucos sobreviventes no Brasil, dentro da fórmula original, é o Cine Drive-in de Brasília. Inaugurado em 1973, o cinema ao ar livre até virou filme, em 2015: O Último Cine Drive-In (disponível na Netflix). Recentemente, o negócio voltou ao gosto do público nos grandes centros ao redor do mundo, em projetos itinerantes. A chegada da pandemia foi o empurrão que faltava para seu revival.