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O artista que foi da vida bandida à redenção graças ao blues

Antes de se consagrar, o guitarrista Fantastic Negrito foi traficante e superou um acidente. Agora, narra o romance de seus ancestrais em um novo álbum

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h06 - Publicado em 1 Maio 2022, 08h00
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  • REDENÇÃO - O artista: “Sou apenas um cara de meia-idade que tocava na rua” -
    REDENÇÃO - O artista: “Sou apenas um cara de meia-idade que tocava na rua” – (Travis Shinn Photography/.)

    Deitado num surrado colchão dentro de um galinheiro, o negro escravizado Grandfather Courage conta as horas para se reencontrar escondido na floresta com o grande amor de sua vida, a serva branca e descendente de escoceses Grandma Gallamore. O romance é proibido pelas leis racistas americanas de meados de 1700. Quando o casal é descoberto, Courage dispara em uma fuga frenética, perseguido implacavelmente por seus algozes. Esse enredo cinematográfico é apresentado nos quarenta minutos do álbum visual White Jesus Black Problems, previsto para ser lançado em 3 de junho. E se inspira na saga dos ancestrais de seu autor: o músico americano conhecido pela alcunha de Fantastic Negrito. O nome de batismo do artista, Xavier Amin Dphre­pau­lezz, veio da parte do pai, um imigrante muçulmano da Somália. Mas, ao retraçar a genealogia materna, ele descobriu a conexão com a escravidão. “Quando busquei as origens da minha mãe, fiquei surpreso ao ver que todos eram negros livres graças àquele casal mestiço”, disse ele a VEJA.

    Please Don’t Be Dead [Disco de Vinil]
    The Last Days Of Oakland [Disco de Vinil]

    A própria história de Xavier já daria um filme. Aos 54 anos, esse é apenas o quinto álbum que ele lança sob a persona de Negrito. Oitavo de quinze filhos, foi educado sob os mandamentos rigorosos da religião muçulmana. Criado em Oakland, na Califórnia, vendeu drogas na adolescência e chegou a ser preso. Graças à paixão pela música de Prince, porém, ele aprendeu a tocar violão sozinho e cantava nas ruas por trocados. Em 1996, lançou seu primeiro álbum, ainda sob o nome de Xavier. Mas um grave acidente de carro, três anos depois, o deixaria em coma e prejudicaria suas mãos, impedindo-o de voltar a tocar. Para se reerguer, ele montou uma boate ilegal em Los Angeles e mudou-se para uma fazenda de plantio de maconha legalizada. Em 2015, veio enfim a virada: um show em um programa de rádio o fez estourar. Nos anos seguintes, ganhou três prêmios Grammy. Hoje, é um dos mais incensados músicos de blues dos Estados Unidos.

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    Descobrir a história de seus ancestrais foi quase um milagre. “Não é fácil traçar a ascendência dos afro-americanos a essa distância no tempo. Houve um apagamento da história”, afirma. Tal como uma ópera-rock, todas as letras do ambicioso novo álbum se fundem na guitarra de Negrito. O artista trafega com virtuosismo de uma pegada funk à la James Brown a vocais que remetem aos pioneiros do bluegrass. “Não tenho nada a perder. Sou apenas um cara de meia-idade que tocava na rua. E agora gostam da minha música”, diz. Os parentes do passado devem estar orgulhosos.

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    Publicado em VEJA de 4 de maio de 2022, edição nº 2787

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