Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Obra que denuncia pedofilia é tirada de museu acusada de incitá-la

Uma pintura da artista Alessandra Cunha, conhecida como Ropre, foi levada pela polícia civil na última quinta-feira, do Marco, em Campo Grande

Por Da Redação Atualizado em 15 set 2017, 20h43 - Publicado em 15 set 2017, 18h59

Em meio à polêmica do encerramento antecipado da exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, em Porto Alegre, depois de uma grita reacionária nas redes sociais, outro caso de denúncia relacionada às artes plásticas aconteceu em Campo Grande (MS). O quadro Pedofilia, da artista Ropre, nome de trabalho de Alessandra Cunha, foi retirado do Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul) pela Polícia Civil na última quinta-feira (14), acusado de incitar um crime que, na verdade, ele denuncia.

“Acredito que o tema é tão tabu, que não podemos nem tocar no nome. Não se pode nem usar a palavra ‘pedofilia’ para dar título a uma pintura que vão se ofender, já que na pintura em si não há nenhuma imagem de violência em si, ela apenas denuncia que isso existe em nossa sociedade”, explica a artista.

A ação foi resultado de um boletim de ocorrência aberto pelos deputados estaduais Paulo Siufi (PMDB), Herculano Borges (Solidariedade) e Coronel David (PSC) na Depca (Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente), logo após uma sessão parlamentar na qual o tema da mostra cancelada no Rio Grande do Sul foi apresentado por outro servidor, o deputado Lídio Lopes.

Responsável pela apreensão, o delegado Fábio Sampaio falou a VEJA sobre o ocorrido. “Eu entendi, juntamente com um colega da delegacia, que aquele quadro configuraria apologia ao crime de pedofilia ou ao criminoso, porque é um quadro em que aparecem dois homens com o pênis à mostra e uma criança no meio”, disse sobre a averiguação que fizeram no museu após a abertura do boletim, que levou à apreensão da obra.

Embora o boletim tenha mencionado a existência de mais obras consideradas pelos denunciantes como ofensivas, impróprias, e contra a moral e os bons costumes, segundo o delegado, não foram necessárias outras apreensões porque a própria instituição de arte já teria elevado a classificação indicativa da exposição, de 12 para 18 anos, no momento em que a dupla chegou ao local. A alteração foi confirmada pelo secretário estadual de Cultura, Athayde Nery, que afirmou que todos os cuidados necessários foram tomados. “Aumentamos a idade permitida diante das manifestações causadas pela obra”, disse. “Mas todas as excursões de alunos foram realizadas com acompanhamento e monitoramento de professores.”

Continua após a publicidade

Para Nery, há dois pontos positivos sobre a exposição ter virado caso de polícia. “Agora, todos sabem onde é o Museu de Arte Contemporânea”, apontou. “E a obra acabou suscitando um debate importante. A pedofilia é uma das chagas insuportáveis da sociedade e acontece silenciosamente”, afirma Nery, que explicou que a intenção da artista nunca foi a de estimular a pedofilia, muito pelo contrário, mas de combatê-la.

No final da tarde desta sexta-feira (15), Athayde Nery conseguiu recuperar a obra, conversando com o delegado Fábio Sampaio. “O quadro não vai voltar para a exposição, vai ficar retido sob minha guarda até o debate terminar”, comentou.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.