Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, na última quinta-feira, 24, o nome de Volodymyr Zelensky ganhou visibilidade inédita. Assim, quem não sabia ficou sabendo que o presidente ucraniano, que insiste em ficar no país resistindo à invasão, era, antes de tudo, um ator e comediante famoso da televisão local — ele chegou a participar de uma espécie de “dança dos famosos” ucraniana. Pouco se sabe, porém, sobre Olena Zelenska, a primeira-dama do país, que, aos 44 anos, é tida, ao lado dos filhos, como o “alvo número dois” de Putin, atrás de Zelensky, conforme alertou o presidente ucraniano em rede nacional.
Nascida na cidade de Kryvyi Rih, região central da Ucrânia, Olena estudou na mesma escola que o marido, mas os dois só se conheceram anos mais tarde, na universidade. Inicialmente, ela estudaria arquitetura, mas desistiu no meio do caminho para se dedicar à escrita. Assim, Olena se tornou roteirista e fundou, junto a Zelensky, a produtora Studio Kvartal 95, responsável pelo programa de comédia Svaty (2008-2012), que introduziu seu marido à televisão, e pelo sucesso Servant of the People (2015–2019), que o catapultou de vez à fama nacional. Posteriormente, a produtora teve ainda um papel crucial na vida política do casal: em uma série feita por eles para a TV, Zelensky interpretou um professor de história que viraliza em um vídeo revoltado com a corrupção — a popularidade o leva, ironicamente, a ser eleito presidente da Ucrânia. A história, quem diria, acabou ecoando na vida real.
Se hoje Olena aparece firme ao lado do marido, mesmo diante do risco imposto pela sua posição, ela foi uma das primeiras a se preocupar com os infortúnios que a aventura política poderia acarretar. Em uma entrevista a um canal local da Ucrânia, ela afirmou que era “agressivamente contra” a ideia de Zelensky se tornar presidente por considerar a mudança difícil demais. “Não é nem mesmo um projeto de vida, é uma mudança de direção”, explicou. Mãe de dois filhos, a primeira-dama logo se acostumou a ideia, mas disse à Vogue ucraniana, revista da qual foi capa, que prefere ficar “nos bastidores” e que está “mais confortável na sombra”.
Nos últimos três anos, ela intercala os serviços de roteirista no Studio Kvartal 95 com a posição como primeira-dama, que usa para defender causas sociais e humanitárias, incluindo igualdade de gênero e nutrição infantil. Ela foi bem-sucedida na introdução de legislações para melhorar a qualidade nutricional e a variedade de alimentos nas escolas do país e promoveu uma iniciativa para divulgar a língua ucraniana para o mundo. Agora, com o conflito, a primeira-dama usa as redes sociais para incentivar que os ucranianos resistam a Putin. “Nós somos o exército, o exército somos nós. E as crianças nascidas em abrigos antibombas viverão em um país pacífico que se defendeu”, disse em uma publicação no Instagram.