O debate sobre representatividade das mulheres não se refletiu em prêmios no Grammy deste domingo. Dos 84 troféus distribuídos, apenas 11 foram para mulheres. Na parte televisionada da cerimônia, Alessia Cara foi a única mulher vitoriosa individualmente, como artista revelação. Para Neil Portnow, presidente da Recording Academy, que concede os prêmios, isso significa que elas precisam agir.
“Deve começar com as mulheres, que têm a criatividade em seus corações e almas, que querem ser musicistas, que querem ser engenheiras de som e produtoras e que querem fazer parte do alto escalão da indústria”, disse à Variety. “Elas precisam se movimentar, porque acho que seriam bem-vindas. Eu não tenho experiência pessoal sobre os empecilhos que vocês enfrentam, mas acho que cabe a nós da indústria darmos as boas-vindas, criando oportunidades para qualquer um que queira ser criativo e também criando uma nova geração de artistas”.
Mesmo a programação da noite foi falha no sentido de abrir espaço para as mulheres. Houve o momento de protesto, com Kesha liderando um coral feminino formado por Cindy Lauper, Camila Cabello e Audra Day, entre outras. Mesmo assim, Lorde, a única mulher indicada na categoria de melhor álbum, por exemplo, ficou de fora – os demais concorrentes, todos homens, foram convidados a fazer performances ao vivo.
“Não sei se foi um erro”, Ken Ehrlich, produtor do Grammy, tentou explicar, questionado pela Variety. “Esses shows são uma questão de escolhas. Nós temos uma caixa e ela fica cheia. Lorde teve um ótimo álbum. Não há como lidar com todos.”
A falta de representatividade não é algo novo. Um relatório feito pela Annenberg Inclusion Initiative, da Universidade do Sul da Califórnia, apontou que apenas 9% de todos os 899 indicados ao Grammy entre 2012 e 2017 eram mulheres. Entre as 10 mulheres premiadas longe das câmeras este ano estão Lisa Loeb, Reba McEntire, Aimee Mann e, em vitória póstuma, a atriz Carrie Fisher.