Primeiro foram os DJs. Depois vieram personagens das séries das plataformas de streaming, como o milionário rebelde Kendall Roy (interpretado pelo ator Jeremy Strong), de Succession, da HBO). O fato é que os fones de ouvido gigantes, tão comuns na década de 70, voltaram à moda e estão fazendo a cabeça de quem gosta de qualidade de som. A diferença é que os aparelhos de hoje, além de não terem fios, incorporam tecnologias como o sistema de cancelamento de ruídos externos, desenvolvido pela Força Aérea americana para isolar o barulho de caças supersônicos, como forma de valorizar ao máximo a qualidade das músicas que reproduzem. É o caso da criação da alemã Beyerdynamic, exibida por Kendall Roy na série, sobre uma família de magnatas da mídia. Como todo brinquedo tecnológico, custa caro: no Brasil, o modelo T1 da marca é vendido por 4 680 reais. Com funcionalidades semelhantes, o concorrente QuietComfort, da americana Bose, a grife de aparelhos de áudio preferida da turma do Vale do Silício, sai mais em conta, na casa dos 1 900 reais.
Antíteses dos minúsculos fones intra-auriculares que acompanham os celulares de última geração, os grandalhões recebem a denominação de over-ear por cobrir integralmente os ouvidos. Para os puristas, tal particularidade permite uma conexão quase esotérica com as músicas que reproduzem. E o preço não é um impedimento. Tanto que o faturamento dos fabricantes cresceu 65% nos últimos três meses de 2019 e bateu em mais de 14 bilhões de dólares no período, segundo relatório da consultoria Futuresource Consulting. O sucesso dos fones over-ear está diretamente ligado ao apelo de marketing que têm. “Alguns passam a ideia de que quem os usa é fanático por qualidade, outros, de que o ouvinte é adepto do estilo retrô. E há os que significam principalmente muito dinheiro”, diz o americano Alain Macklovitch, produtor, DJ e grande conhecedor desse tipo de equipamento. Mais que tudo, trata-se de um acessório perfeito para quem quer ser notado.
Publicado em VEJA de 25 de março de 2020, edição nº 2679