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‘Pantera Negra’: inclusão no cinema ou simples exceção à regra?

Com sucesso do longa, os grandes produtores de Hollywood podem entregar as chaves dos estúdios com mais frequência para diretores negros

Por AFP 22 fev 2018, 11h19

O sucesso global e histórico de Pantera Negra e seu elenco basicamente negro pode prever dias felizes para diretores e atores negros, ou o novo filme de super-herói da Marvel será apenas uma exceção que confirma a regra? No primeiro fim de semana de exibição, o 18º filme do universo Marvel arrecadou 242,2 milhões de dólares na América do Norte e um total de 426,6 milhões de dólares em todo o mundo. Filme Marvel mais bem colocado no Rotten Tomatoes, site que consolida avaliações de críticos, com pontuação de 96%, esmagou o recorde anterior de bilheteria para o feriado do President Day.

“As primeiras receitas estrangeiras de Pantera Negra acabam com o mito de que filmes predominantemente negros não podem arrecadar dinheiro na Europa”, explica Jeff Bock, analista da Exhibitor Relations, uma empresa que afere receitas cinematográficas. “Do ponto de vista dos resultados das bilheterias, nunca teria acreditado nisso”, acrescenta, lembrando o sucesso da trilogia Blade com Wesley Snipes no início dos anos 2000.

A Disney, empresa-mãe da editora e estúdio, explicou que espera um boca-a-boca “particularmente forte”, de modo que as vendas de ingressos sigam fortes. O filme recebeu um orçamento faraônico, destinado a sua produção e promoção: 350 milhões de dólares.

Pantera Negra, uma adaptação das aventuras do primeiro super-herói negro criado pela Marvel em 1966, foi dirigido por Ryan Coogler (Creed) e traz Chadwick Boseman (42 – A História de uma Lenda). O filme, o primeiro do universo cinematográfico Marvel a se concentrar em um justiceiro negro, conta a história da luta do rei T’Challa para defender sua nação Wakanda, a mais avançada do universo Marvel.

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E agora?

Agora que sabem que os filmes com protagonistas negros podem interessar a um público branco em todo o mundo e dar lucro, os grandes produtores de Hollywood podem entregar as chaves dos estúdios com mais frequência para diretores negros. “Da mesma forma que Uma Linda Mulher quebrou o teto de vidro e mostrou que as mulheres podiam arrasar nas bilheterias, Pantera Negra deve provar que os negros americanos podem ser blockbusters”, diz Jeff Bock.

O exemplo consagrado até agora citado é o da franquia Madea, de Tyler Perry: mais de meio bilhão arrecadado com oito filmes desde 2005, mas com apenas 1% de receita dos mercados europeus.

Para o crítico Eric Kohn, Pantera Negra dá continuidade às produções de sucesso realizadas recentemente por americanos negros como Moonlight: Sob a luz do Luar, Remédio para a Melancolia, Cara Gente Branca ou Corra!, que concorre ao Oscar deste ano.

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“De certa forma, é a conquista em grande escala de todos esses elementos cinematográficos americanos”, disse ele no podcast da IndieWire’s Screen Talk. “Obviamente, haverá várias sequências e o filme permanecerá no ar nos próximos anos. A questão agora é o que mais podemos esperar.”

O próximo longa da Disney a capitalizar o sucesso de Pantera Negra é Uma Dobra no Tempo, dirigido por Ava DuVernay (Selma), a primeira mulher negra a comandar um blockbuster de mais de 100 milhões de dólares. Em destaque, principalmente atores não-brancos: Oprah Winfrey, Mindy Kaling, Storm Reid, Gugu Mbatha-Raw e Michael Pena.

“Este filme não é necessariamente visto como tendo a mesma abordagem em termos de representação como Pantera Negra. Será que permitiremos que este assunto seja abordado em outros filmes que além deste?”, questiona Eric Kohn. “Podemos pensar que sim, porque obviamente vale a pena. Mas ainda existe essa desconexão em nossa indústria. Se ignorarmos os exemplos óbvios – os filmes – vemos que aqueles que controlam os estúdios continuam sendo os brancos.”

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