Ralph Macchio, de Cobra Kai, sobre reviver papel: “Disse não muitas vezes”
Aos 59 anos, ele conta como foi reprisar o personagem de Daniel San — que o alçou à fama há mais de trinta anos
Por que só topou voltar ao personagem de Karatê Kid mais de três décadas depois? Eu disse não muitas vezes ao longo dos anos. Diziam: “E se fizermos desse ou daquele jeito?”. Nunca quis manchar o legado. Cobra Kai, no entanto, surgiu com um novo ângulo por meio dos olhos de Johnny Lawrence. Os produtores expandiram o universo de Karatê Kid sem nunca perder de vista o que fez o filme ser o que é, sempre pautados pelos ensinamentos do senhor Miyagi. Tive sorte em dizer “sim” para a série.
Concorda que, após o estrondoso sucesso de Karatê Kid, o senhor nunca conseguiu se desvencilhar do papel? Sim, foi um desafio ter a minha imagem associada a um personagem. Eu preferia não trabalhar a fazer coisas das quais não me orgulharia. Como diria o senhor Miyagi: “Tem de equilibrar isso direito”. Mas, mesmo nos momentos mais difíceis, eu nunca me arrependi das minhas escolhas e tenho muito orgulho do filme e de toda a franquia.
Quais recordações guarda do ator Pat Morita, que interpretou o senhor Miyagi? Ele é o sonho de qualquer adolescente. É como um Mestre Yoda humano — e Daniel LaRusso é o Luke Skywalker, de Star Wars. O senhor Miyagi é o personagem que tem todas as respostas e nos ajuda a vencer os desafios. Antes de aceitar o convite para atuar na série, foi muito importante saber em que contexto ele seria inserido na história.
Como foi rever os atores japoneses de Karatê Kid 2? O filme dos anos 80 foi feito no Havaí, e esta foi a primeira vez em que viajei mesmo para o Japão. Foram só dois dias. Foi espetacular porque exploramos as raízes do senhor Miyagi. Daniel também se reconecta com outros personagens. Surge ali uma camada mais profunda de informações sobre eles, e acho que o público vai gostar. Mas é uma série sobre luta, então também tem muita briga.
Publicado em VEJA de 13 de janeiro de 2021, edição nº 2720