Por que só topou voltar ao personagem de Karatê Kid mais de três décadas depois? Eu disse não muitas vezes ao longo dos anos. Diziam: “E se fizermos desse ou daquele jeito?”. Nunca quis manchar o legado. Cobra Kai, no entanto, surgiu com um novo ângulo por meio dos olhos de Johnny Lawrence. Os produtores expandiram o universo de Karatê Kid sem nunca perder de vista o que fez o filme ser o que é, sempre pautados pelos ensinamentos do senhor Miyagi. Tive sorte em dizer “sim” para a série.
Concorda que, após o estrondoso sucesso de Karatê Kid, o senhor nunca conseguiu se desvencilhar do papel? Sim, foi um desafio ter a minha imagem associada a um personagem. Eu preferia não trabalhar a fazer coisas das quais não me orgulharia. Como diria o senhor Miyagi: “Tem de equilibrar isso direito”. Mas, mesmo nos momentos mais difíceis, eu nunca me arrependi das minhas escolhas e tenho muito orgulho do filme e de toda a franquia.
Quais recordações guarda do ator Pat Morita, que interpretou o senhor Miyagi? Ele é o sonho de qualquer adolescente. É como um Mestre Yoda humano — e Daniel LaRusso é o Luke Skywalker, de Star Wars. O senhor Miyagi é o personagem que tem todas as respostas e nos ajuda a vencer os desafios. Antes de aceitar o convite para atuar na série, foi muito importante saber em que contexto ele seria inserido na história.
Como foi rever os atores japoneses de Karatê Kid 2? O filme dos anos 80 foi feito no Havaí, e esta foi a primeira vez em que viajei mesmo para o Japão. Foram só dois dias. Foi espetacular porque exploramos as raízes do senhor Miyagi. Daniel também se reconecta com outros personagens. Surge ali uma camada mais profunda de informações sobre eles, e acho que o público vai gostar. Mas é uma série sobre luta, então também tem muita briga.
Publicado em VEJA de 13 de janeiro de 2021, edição nº 2720