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Roberto Carlos na Covid-19: iate encalhado, saudação budista e mais manias

A higienização e o isolamento fazem o cantor se sentir em casa - porém, as regras dentro da mansão na Urca foram ampliadas. São tantas emoções, bicho...

Por Eduardo F. Filho 13 Maio 2020, 15h59
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  • As mudanças de comportamento nos últimos meses em razão da Covid-19 provocaram uma revolução na vida de 99,9% dos brasileiros. Mas, para Roberto Carlos, é diferente: ele está se sentindo em casa. O cantor é portador assumido do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) – condição que se manifesta, entre outras coisas, em sua acentuada mania de limpeza. Por isso, Roberto não estranhou as mudanças de rotina em decorrência dos cuidados para evitar a contaminação pela Covid-19: essas medidas são corriqueiras no dia a dia do artista há anos. O que para milhões é um “novo normal”, enfim, para Roberto revela-se só um feliz e tranquilo “velho normal”.

    Como ninguém é de ferro, o cantor radicalizou alguns hábitos antigos e viu uma janela de oportunidade para criar outros. Antes da pandemia, Roberto saía de sua mansão na Urca, zona Sul do Rio de Janeiro, pelo menos três vezes ao dia. Ao retornar, sempre tomava banhos demorados para higienizar o corpo todo com rigor. Atualmente, arrisca-se no máximo a fazer uma saída diária de carro – e só quando é de extrema necessidade. Ele às vezes vai a seu estúdio, próximo de casa, ou ao supermercado – pois gosta de comprar pessoalmente aquilo que consome. A casa cheia se esvaziou: hoje, é expressamente proibida a entrada de qualquer pessoa na mansão. Quem está dentro permanece dentro, quem está do lado de fora, não entra. Roberto não recebe visitas há mais de três meses, nem dos parentes.

    Além do cantor, quem reside atualmente na mansão são os funcionários que estão junto de Roberto há mais de 30 anos. Todos conhecem as manias do patrão, mas agora, diante da pandemia, as regras foram intensificadas. Dentro da casa – e isso vale até mesmo para Roberto Carlos – as máscaras e luvas são obrigatórias, além do distanciamento de 3 metros de cada morador. Conversas, apenas por telefone ou chamadas de vídeo (ele aprendeu a lidar com a tecnologia durante a quarentena).

    Após os shows, que costumam reunir mais de 5 mil pessoas, Roberto habitualmente recebia seus convidados no camarim, conversava olho no olho e se despedia com um abraço apertado ou um forte cumprimento de mão – seguido de um providencial jato de álcool em gel (sim, ele é pioneiro nisso). O cantor sente saudades desses encontros, segundo pessoas próximas. Com a situação atual, contudo, houve alterações nesse hábito. Dentro de casa ou nas suas poucas saídas, Roberto agora cumprimenta as pessoas com um cumprimento budista – só que, em vez de juntar as duas mãos, como é característico na saudação oriental, leva a esquerda ao peito e curva-se em direção ao interlocutor, em sinal de respeito. Ele acredita que “o cumprimento de cotovelos ou de canelas é uma enorme falta de educação”, revela um amigo.

    Com as novas medidas protetivas do Ministério da Saúde, o dia do aniversário do cantor, no domingo 19 de abril, também foi afetado. A calçada em frente de sua residência, sempre lotada com fãs e apoiadores nessa data, ficou silenciosa e vazia. Naquele dia, ele estranhou quando saiu de casa em direção ao seu estúdio para realizar a primeira live de sua carreira.

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    O coronavírus também atrapalhou os negócios do cantor. Além de todos os shows cancelados, o Iate que ele colocou à venda em agosto do ano passado continua na Marinha da Glória “encalhado” à espera de um comprador. Avaliado em mais de 100 milhões de reais, o barco italiano da marca Falcon não tem recebido muitos interessados em razão da pandemia e da burocracia – para uma breve visita, o interessado precisa não só ter coragem de sair durante a quarentena, mas comprovar financeiramente que é capaz de comprar o iate e marcar uma data no disputado clube da elite carioca.

    Quanto às lives, após a segunda e última, realizada no Dia das Mães, Roberto não tem planos de se aventurar de novo no formato. Os shows virtuais deixam o cantor apreensivo e nervoso. Perfeccionista, ele não gosta de fazer apresentações sem ensaios e sem o retorno imediato do público. “Será que está bom mesmo?”, pergunta o cantor inúmeras vezes durante a live para sua produção. A ansiedade é tanta que existe uma pessoa nos bastidores encarregada de dar um pronto feedback às inquietações do artista. Assim que acaba a apresentação, o funcionário tem como função apresentar o número real de público e as principais reações de seus admiradores virtuais.

    São tantas emoções, bicho…

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