Rock in Rio: o segredo por trás de um sucesso de 37 anos
Com 12 horas de duração, festival promove curso de imersão na cultura criada por Roberto Medina com direito a visita aos bastidores do evento
Do longínquo verão de 1985, quando o evento conseguiu pôr o Brasil no mapa dos astros mundiais, aos desafios impostos pela pandemia e a guerra que eclodiu na Ucrânia. O que faz com que o Rock in Rio, que em setembro chega a sua 22ª edição, se mantenha por quase quatro décadas tão jovem e desejado? A resposta, nas palavras de seu criador e presidente, o empresário Roberto Medina, parece fácil: “Sonhar e fazer acontecer”. Mas como pôr isso em prática? Com o objetivo de promover um mergulho na filosofia, nas práticas e na cultura do festival, a marca criou – em Lisboa aconteceu no meio desta semana e, no Rio, será no dia 6 de setembro – o Rock in Rio Academy.
O curso de um dia, que acontece dentro da Cidade do Rock, é um verdadeiro “intensivão” junto aos executivos da potente plataforma de música e entretenimento – só no festival deste ano em Portugal está envolvendo 400 empresas e gerando 14 000 empregos. A imersão, a qual VEJA teve a chance de participar, está longe de ser voltada apenas para fãs incondicionais do Rock in Rio. Atrai empresários, executivos, estudantes e pessoas em geral interessadas em conhecer de perto as estratégias e obstáculos vencidos pelo chamado “time” que faz a mágica do negócio acontecer. “Mesmo quando tudo parece mais difícil, as pessoas não podem perder a capacidade de sonhar. O sonho traz riscos, mas a beleza da vida não está nisso?”, provoca Medina.
E haja riscos. No caso da idealização e organização de um evento do porte do Rock in Rio, com um público de mais de 80 000 pessoas por dia, o imponderável faz parte do negócio. O que fazer quando uma estrela cancela um show quase 24 horas antes da apresentação, como foi o caso de Lady Gaga no evento do Rio, em 2017, ou quando já se vendeu 65 000 ingressos e o festival é adiado duas vezes (aconteceu em Portugal na pandemia)? Estes são só alguns dos inúmeros exemplos abordados durante o Rock in Rio Academy, que mescla palestras e atividades interativas envolvendo música, entretenimento, educação, marketing, sustentabilidade, entre outros temas. “O nosso jeito de criar experiências para o público e engajar marcas e, ao mesmo tempo, lidar com cenários voláteis e superar incertezas se aplicam a qualquer segmento do mercado”, enfatiza Agatha Arêas, vice-presidente de Learning Experience do festival.
Embora este ano exista a possibilidade dos inscritos participarem do curso de forma virtual, durante o Rock in Rio Academy, os participantes têm a Cidade do Rock a sua disposição. As palestras acontecem em espaços cobiçados do festival, como a área VIP e o palco Galpy Music Valley (similar ao Sunset, no Brasil). Além de proporcionar a vivência da história e da filosofia do festival, que nasceu de uma ideia de Medina – considerada “maluca” na época, diga-se de passagem – e ganhou o mundo, o evento proporciona uma visita a todas instalações da Cidade do Rock, incluindo bastidores. Nos intervalos, há ainda a chance de andar nos brinquedos, que em dias de festival atraem uma multidão. O momento mais aguardado, no entanto, é o bate-papo com o criador do festival, em cima do icônico Palco Mundo.
O evento (https://rockinrioacademy.com.br) é promovido no Brasil pelo RiR em parceria com a HSM Educação Executiva e em Portugal junto com a empresa SFORI.
Veja a seguir dez lições da cultura Rock in Rio e de quem faz ele acontecer:
“O nosso propósito não é fazer um festival de música, mas proporcionar experiências inesquecíveis através da música e do entretenimento. Não só pensando nos momentos de alegria e diversão, mas em um legado”, Roberta Medina, vice-presidente executiva
“Um dos nossos pilares é estimular a coragem. O impossível é o que nos move. Mas para isso é preciso transformar paixão em competência”, Luis Justo, CEO do festival
“Estamos sempre procurando uma sinergia com as marcas parceiras. É um trabalho de construção constante para fazer o diferente, estabelecer estratégias e encantar o público”, Ana Carolina Carvalho, gerente de parcerias
“Nunca foi tão importante olhar para as pessoas, para a capacidade das potências humanas. Uma empresa aberta que tem um espírito de aprendizagem contínuo abre espaço para novas ideias e está sempre criando coisas novas”, Agatha Arêas, vice-presidente da área de Learning
“A gente busca excelência em todos os processos. Mas nada disso seria possível sem estimular entre os envolvidos o respeito, o companheirismo e a paixão”, Ricardo Acto, vice-presidente de operações
“O nosso poder está na diversidade. Não falo só da questão de raça, gênero ou língua, mas de uma coisa maior. É na união de pessoas diferentes, com percepções distintas e pensamentos diferenciados que encontramos maneiras originais de criar soluções”, Zé Ricardo, diretor artístico do festival
“A busca por ações efetivas na gestão de sustentabilidade é uma das nossas obsessões. Somos por um mundo melhor não apenas no discurso”, Dora Palma coordenadora de sustentabilidade
“Só conseguimos evoluir se nós confiarmos e colaborarmos uns com os outros”, Martha Gabriel, escritora e consultora na área de inovação
“O profissional só consegue enxergar o que seu público quer e encantá-lo quando ele é apaixonado pelo o que ele faz e se identifica com a filosofia da empresa na qual está”, Marcos Piangers, jornalista e palestrante
“O que o mundo está precisando hoje é de unir os diferentes. A música e o festival fazem isso”, Roberto Medina, fundador e criador do evento