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Rock pesado e protestos marcam primeiro dia do Rock in Rio

Bandas brasileiras e estrangeiras fizeram manifestações políticas nos palcos do festival e pregaram contra o governo

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 out 2024, 11h21 - Publicado em 3 set 2022, 09h35

Pouco antes da abertura dos portões do Rock in Rio, nesta sexta-feira, 2, o desfile de camisas pretas ao redor do Parque Olímpico, no Rio de Janeiro, já denunciava que a noite seria dedicada ao heavy metal, com shows de bandas como Iron Maiden e Dream Theater. Por anos, o ritmo, no entanto, ficou estereotipado como sendo “infernal” ou “satânico”, porém, quem afirma isso desconhece as raízes populares e contestadoras das bandas – cuja maioria delas sempre defendeu pautas sociais. Pois foi exatamente essa pauta que saltou aos olhos neste primeiro dia, com bandas brasileiras e estrangeiras liderando manifestações contrárias ao atual governo dando um tom claramente político aos shows.

Pela primeira vez na história, o festival acontece durante o período eleitoral e os organizadores proibiram a presença de candidatos nos palcos do evento. Manifestações políticas por parte dos artista, no entanto, não foram vetadas, e elas aconteceram aos montes. Logo no show de abertura, o Black Pantera fez um show pregando a representatividade racial com o vocalista exigindo intolerância contra intolerantes, a plateia iniciou um coro de “fora Bolsonaro”, em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Os gritos foram incentivados pela banda através de sons instrumentais.

As manifestações continuaram no show da banda americana Living Colour, que dedicou a apresentação a ex-vereadora do Rio de Janeiro, assassinada em 14 de março de 2018, junto com seu motorista junto de seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes. Alguns minutos depois, o vocalista voltou a se manifestar e mostrou duas placas escritas à mão com as palavras: vote e democracia. O público reagiu da plateia com gritos de “Fora Bolsonaro” e “Ei, Bolsonaro vai tomar no ..”. No palco, Glover chegou a sorrir ao ouvir a manifestação. Logo depois, ele gritou “fuck fascism”.

Já a banda francesa Gojira chamou a atenção para a causa indígena e a defesa da Amazônia, inclusive com uma música com o título da floresta. O vocalista Joe Duplantier chegou a pintar o rosto com urucum e levou indígenas ao palco.

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As manifestações políticas continuaram com as bandas de punk brasileiras Ratos de Porão e Oitão (do jurado do Masterchef, Henrique Fogaça). A banda do vocalista João Gordo levou uma bandeira do MST, o (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ao palco e pregou coros contra o presidente Jair Bolsonaro. O baixista Juninho tocou vestindo uma camiseta do movimento. Já o chef Henrique Fogaça subiu ao palco vestindo uma camiseta com a escrita “fck nzs” (fodam-se os nazistas, em tradução livre) e pregou contra a “politicagem imunda” do Brasil. “Em cada cidade, tem gente pedindo esmola, crianças, adultos, idosos. Graças à politicagem suja. Precisamos falar disso. Fome, miséria e dor”, disse. O segundo dia promete também novas manifestações, principalmente no palco Sunset, com o show do Racionais MCs e Criolo. Rock e política, de fato, nunca andaram separados e a primeira noite do Rock in Rio provou isso mais uma vez.

A banda Ratos de Porão
A banda Ratos de Porão mostrou uma bandeira do MST no Rock in Rio (Twitter/Reprodução)
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