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Roger Waters oculta nome de Bolsonaro em show: ‘Ponto de vista censurado’

Vocalista do Pink Floyd trocou a inscrição do candidato à presidência na lista de "líderes neofascistas" pela frase

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 11 out 2018, 13h55 - Publicado em 11 out 2018, 10h39
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  • O segundo show de Roger Waters na cidade de São Paulo foi uma continuação dos protestos que marcaram a primeira noite. O ex-vocalista do Pink Floyd se apresentou no Allianz Parque na noite desta quarta-feira 10, e repetiu às críticas ao candidato Jair Bolsonaro  –  dessa vez, com um toque de acidez.

    A despeito da guerra entre gritos de “ele não” e “fora PT”, travada pelo público desde antes do show começar, o cantor projetou, novamente, a lista de líderes mundiais considerados, por ele, como “neofascistas”: Ciktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria; Marine Le Pen, líder de extrema-direita da França; Lech Kaczynski, ex-presidente da Polônia; Vladimir Putin, presidente da Rússia. No fim da enumeração, onde na noite anterior estava o nome de Jair Bolsonaro, candidato à presidência do Brasil, estava a mensagem: “ponto de vista político censurado”.

    As provocações de Waters seguiram na segunda parte do show, depois do intervalo de 20 minutos. Seu telão mostrava um visível “ele não” em fundo negro, como se despejasse gasolina nas chamas. Os eleitores de Bolsonaro vaiaram estrondosamente entre as músicas, e alguns deixaram o estádio.

    Antes do cantor subir ao palco, um coro na pista começou a gritar “ele não”. A arquibancada reagiu com vaias. Alguns reclamavam de ir ao show para assistir Roger Waters, não para presenciar manifestações políticas, e reagiram gritando: “hoje não”. “A gente vem pra relaxar a cabeça e tem de ouvir isso”, reclamava um.

    Às 21h, uma projeção de um homem sentado na praia olhando o mar tomou o telão. Nesse momento, houve aplausos, mas duraram pouco – e logo mais gritos de #elenão. E mais vaias. Às 21h15, as luzes se apagaram e a imagem da praia deu lugar a uma imagem da terra, em vermelho, com gritos nos alto-falantes. Depois, uma batida mais lenta e a terra em azul. Waters subiu ao palco por volta das 21h17, com a música Breathe.

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    Por volta da quarta canção, Time, o público deixou as divergências políticas de lado e cantaram todos juntos. Foi assim em grande parte do tempo, até Wish You Were Here. A partir de Another Brick In the Wall –  uma crítica ao pensamento único –  os presentes retomaram as manifestações.

    Durante a canção, Waters foi acompanhando por um grupo de crianças vestidas com uniformes laranjas, em uma clara alusão às roupas que vestem os prisioneiros americanos. Por baixo do macacão, os jovens vestiam camisetas pretas com a palavra “resist”. Foram aplaudidos. “Vocês, crianças, são fantásticas. Vou fazer um intervalo e continuar com a resistência!”, disse o cantor.

    No intervalo, a arquibancada puxou um grito de “Ei, Lula, vai tomar no c*”. Então, surgiram frases que pediam resistência contra as forças policiais.

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    Na volta do intervalo, Waters fez críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na música “Pig”, exibiu a frase “Trump é um porco!”. Depois, foram projetas diversas imagens satirizando o presidente americano.

    Em Money, um vídeo exibiu imagens de vários líderes mundiais como Kim Jong-un, da Coreia do Norte, Vladimir Putin, da Rússia, Theresa May, do Reino Unido, Silvio Berlusconi, da Itália, entre outros. Um balão em formato de porco circulou pela pista, com a inscrição “be human (seja humano).

    Waters foi aclamado pelo público no final do show, quando parou para apresentar a banda. A plateia aplaudia: “Roger, Roger!”. O músico se emocionou e agradeceu. E disse: “Me ouçam, eu sinto o amor neste lugar. E queremos um futuro para crianças que tenha respeito aos direitos humanos e às leis.” Emendou a canção Mother e exibiu a frase “nem f*” no telão no lugar do #elenão do primeiro dia.

    (com Estadão Conteúdo)

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