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‘Se Deus não fosse mulher, já teria desistido de nós’, diz Elza Soares

Cantora, que completou 81 anos no sábado, participa de um podcast do serviço de streaming Deezer

Por Lucas Almeida Atualizado em 28 jun 2018, 09h52 - Publicado em 28 jun 2018, 09h14

Sintonizada com o mundo atual, Elza Soares lançou em maio deste ano o álbum Deus É Mulher, que reafirma sua posição feminista. Em entrevista a VEJA, a cantora afirma que “o mundo está entrando na era da energia feminina”. Para Elza, 81 completados no último sábado, “se Deus não fosse mulher, já teria desistido de nós. O mundo está muito louco, estamos vivendo um tempo de muito ódio e guerras, só mesmo a mãe para nos salvar de algo ainda pior”.

Em turnê de divulgação do disco novo, Elza comemorou o aniversário na estrada — mais especificamente, em Fortaleza, onde se apresentou no sábado, 23. “Não gosto de aniversário, para mim é como se contasse menos um ano de vida, mas também fico feliz em receber tanto carinho, quem não gosta? Estou muito feliz, até brinco que estou no auge”, diz com bom humor a cantora, que pede para não ser chamada de “senhora”. 

Nesta quinta-feira, o serviço de streaming de música Deezer divulga uma entrevista com Elza como parte da série de podcasts Essenciais. A produção de pouco mais de trinta minutos reúne quinze faixas cantadas pela homenageada, que compõem uma retrospectiva da carreira de Elza. “A gente já nasce estrela. Mesmo pobre, negrinha, sofrida, você já é uma estrela”, afirmou a cantora ao lembrar da sua história, no podcast.

Hoje, Elza carrega o título de “rainha do empoderamento” por tratar de temas como racismo e violência contra a mulher em suas letras. “Não é de hoje que eu luto pela mulher, pelo negro e também pelo gay”, afirma. “Mas não gosto de títulos, aliás nem ligo para eles. O que acho importante mesmo é me conectar com o público que me segue e ouve meu grito, me dando força para abrir espaço para seguir em frente.”

A produção de músicas no Brasil atual, Elza avalia com parcimônia. “Vejo que há uma diversidade enorme, nem tudo eu gosto, mas também tem uma meninada aí fazendo barulho”, diz, citando nomes como o trio e jazz Não Recomendados e os cantores Emicida e Johnny Hooker

Neste ano, a vida de Elza dominará as agendas culturais: em julho, é aguardada a estreia do musical Elza Soares, dirigido por Duda Maia. E até o final do ano, uma biografia da cantora escrita por Zeca Camargo deve ficar pronta. Enquanto isso, ela segue com uma longa agenda de shows. “Minha rotina está uma loucura. Tem horas que nem mesmo eu acredito, mas está ótimo, sou muito inquieta, o trabalho me revigora”, explica.

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