A edição de VEJA que circula nesta semana traz um perfil do cantor Sidney Magal, que completa cinquenta anos de carreira com a gravação de um DVD, uma biografia e dois filmes para celebrar seu rebolativo sucesso. O carioca Magal já foi tido como um astro fugaz, mas se manteve à tona graças ao apelo nostálgico de hits como Sandra Rosa Madalena – e também à sua persona divertida. Certa vez, o cantor recebeu a seguinte avaliação de um executivo de gravadora: “Você tem a carreira mais perigosa que conheço, pois vive na corda bamba. Se cair para cá, vai virar brega de quinta categoria. Se for para lá, vão acusá-lo de tentar se sofisticar e será rejeitado pelo grande público”. Magal não se lembra do ano em que a conversa ocorreu, mas nunca se esqueceu da reação do mesmo executivo, quinze anos depois, ao vê-lo numa premiação da música brasileira. “Ele deu um tapinha nas minhas costas e disse: ‘Conseguiu, hein?’ ”, diverte-se. Magal realizou um feito maior do que simplesmente sobreviver às idiossincrasias do mercado. Virou um emblema pop, cuja influência vai de Wesley Safadão (herdeiro de seu rebolado) à MPB derramada de uma Ana Carolina — que, aos 7 anos, encantava as freguesas do salão de cabeleireiros onde a mãe trabalhava com uma versão de Meu Sangue Ferve por Você, um dos hits do cantor carioca. “Eu era uma menina tímida. Mas, quando cantava essa música, subia na cadeira e fazia até a escova de microfone”, diz ela.
Em 2017, Magal ganhará uma série de homenagens pelos cinquenta anos de carreira. Em 17 de agosto, grava um DVD em São Paulo com participação de — ela mesma — Ana Carolina e outros convidados especiais. O intérprete da imortal Sandra Rosa Madalena também será tema de Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino, biografia da escritora Bruna Ramos da Fonte que chega às livrarias em outubro. No fim do ano, iniciam-se as filmagens de Meu Sangue Ferve por Você, cinebiografia calcada especialmente no romance dele com Magali, com quem é casado há 37 anos. Vaidoso, o cantor sugeriu que Mateus Solano vivesse o Magal da ficção (ainda não se sabe quem encarará o papel). O projeto renderá ainda um documentário sobre a trajetória musical do cantor. Sidney Magalhães, de 64 anos, já foi acusado de ser “cigano de araque, fabricado até o pescoço” — em Arrombou a Festa II, música de Rita Lee. Sua trajetória inspira desconfiança desde a origem. Ele iniciou a carreira participando de programas de auditório e até gravou um single com um nome internacional fajuto — era Sidney Ross. Como não deu certo, Magalhães (o Magal veio depois, por sugestão de um empresário italiano) foi participar de um musical de teatro de revista, excursionando pela Europa com repertório de samba e MPB. Na segunda metade dos anos 70, Magal despertou o interesse do selo Polydor, que o contratou. Mas o sucesso viria de sua união com o empresário e produtor Roberto Livi. O argentino radicado no Brasil encantou-se com sua futura, digamos, “criatura” quando o viu se apresentar numa pizzaria. “Ele entrava cantando Maracangalha. Mas não era como os cantores daquele período, que imitavam o Roberto Carlos. Já era aquele Magal rebolativo”, diz Livi, que ajudaria Magal com o repertório, inventou sua falsa origem cigana e colaborou até com alguns bordões. “Eu é que costumava falar o ‘ahora’ e o ‘comigo’ que se ouvem em Sandra Rosa Madalena”, jacta-se o argentino. O casamento artístico entre Magal e Livi rendeu sucessos que até hoje fazem parte do repertório do cantor, como Tenho e Meu Sangue Ferve por Você.
https://www.youtube.com/watch?v=f5iH6MVNGwM
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