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Sucesso de Adele continua inabalável — contrariando previsões da indústria

Há seis anos sem músicas inéditas, cantora volta às paradas e aguarda passar pelo teste de lançar, pela primeira vez, um disco direto no streaming

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 out 2021, 11h15 - Publicado em 21 out 2021, 11h11
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  • Vender 1 milhão de cópias físicas de um álbum musical na semana de seu lançamento nunca foi uma tarefa fácil, mas era até pouco tempo atrás relativamente comum e frequentemente usado como termômetro do sucesso. A cantora britânica Adele, de 33 anos, é uma das últimas grandes representantes dessa era. Seu disco 25, de 2015, vendeu 3,38 milhões de cópias em uma semana — e só foi disponibilizado nas plataformas de streaming sete meses depois do lançamento. Seis anos se passaram e o mercado de música entrou em outra era. Agora, o streaming é o maioral e sua lógica de consumo, ultra-customizada. Nunca se ouviu tanta música como agora, mas os arrasa-quarteirões minguaram e a venda de discos físicos deixou de ser usada como régua na indústria. Em 19 de novembro, quando Adele lançar simultaneamente no streaming e nas lojas seu novo álbum, 30, ela será testada pela primeira vez neste novo mercado. A julgar pela repercussão do single Easy On Me, divulgado há uma semana — e que bateu recordes de reproduções no Spotify e Deezer — ela provou ter força para também vencer neste novo modelo.

    Adele nunca sucumbiu às pressões do mercado e sempre trabalhou em seu próprio tempo. Enquanto muitos artistas lançavam discos anualmente, ela lançou apenas três em 14 anos de carreira. Uma das razões para Adele fazer tanto sucesso é a de que ela se enquadra numa categoria que tem sempre espaço na música e nunca sai de moda: a das cantoras femininas com vozeirão potente e letras confessionais que causam forte identificação com os ouvintes. Famosa por dar nova dimensão às músicas do filão “dor de cotovelo”, Adele diz que, desta vez, os ex-namorados não serão mais protagonistas das composições, mas sim ela própria. “Notei que o problema sou eu. Os outros discos eram sobre o que fizeram comigo: ‘você fez isso’, ‘você fez aquilo’. Então, percebi: droga, eu estou sempre nessa situação, então talvez o problema seja eu”, contou ela em entrevista à revista Vogue.

    Semanas antes do lançamento do single Easy On Me, os analistas do mercado tinham dúvidas se Adele teria força para dominar as paradas, justamente por esse “sumiço” de seis anos entre o último disco e o novo trabalho. Os números altos nos serviços de streaming mudaram as expectativas. No Spotify, nas primeiras 24 horas, ela teve impressionantes 19,7 milhões de reproduções em todo o mundo, mais do que o dobro do segundo lugar, a música Stay, de Justin Bieber, com 7 milhões. De lá para cá, Adele não saiu do topo — e manteve uma média de mais de 10 milhões de execuções diárias. Na Deezer, ela também ficou na primeira colocação e apresentou uma alta de 271% no número de streamings após o lançamento do single. No YouTube, a cantora também vai bem, o clipe da música atingiu 94 milhões de visualizações desde o lançamento, uma média de 13 milhões por dia.

    Tamanho sucesso criou uma imensa expectativa para o lançamento do novo trabalho e uma situação incômoda para ela. Se os números de venda de álbuns físicos não se concretizarem, vai ser fácil (e injusto) dizer que ele foi um fracasso de vendas. Lembre-se, a realidade de vendas de disco hoje é outra (há bem pouco tempo, era comum dar álbuns de presente de aniversário, lembra? Hoje, poucas pessoas se lembram da última vez que botaram os pés numa loja de discos). Por outro lado, se, mesmo assim, o álbum for bem-sucedido, a cantora definitivamente se firmará como uma das maiores artistas do século XXI. Mas, no fim das contas, o que sempre importou é o talento. E isso Adele tem de sobra.

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