Lançada em agosto, a série Sintonia tornou-se rapidamente um dos maiores êxitos entre as produções originais brasileiras da Netflix. Muito do seu extraordinário desempenho se deve à atuação e ao carisma de João Pedro Correia de Carvalho, o MC Jottapê, que vive na tela um dos protagonistas da trama: MC Doni. Tanto assim que o jovem ator e músico, nascido e criado na Zona Norte de São Paulo, estará em uma provável segunda temporada da atração, ainda não confirmada. “O que faz o Jottapê diferente dos outros artistas é que, mesmo depois de sentir o gosto de um sucesso global, ele continua com igual dedicação ao trabalho. Nem sentimos o cheiro de vaidade”, atesta o empresário e diretor paulista KondZilla, seu mentor.
Foi nos corredores da produtora de KondZilla, aliás, que Jottapê começou a virar Doni. Longe da TV desde 2014, quando fez o Janjão de Chiquititas, novelinha do SBT, ele zanzava por lá quando o próprio KondZilla, que tem um dos maiores canais de YouTube do planeta, o desafiou: “Topa fazer um teste para uma série que criei para a Netflix?”. Para conseguir o papel, Jottapê bateu 49 candidatos. “Era um personagem para o crime, outro para a igreja e mais um para o funk. Os testes foram lapidando qual deles se enquadrava no perfil de cada ator”, relata o rapaz. Identificar-se com o funkeiro de Sintonia não seria difícil. Jottapê conta que, na vida real, passou por situações iguais às de Doni: “Andei pela quebrada e tive música roubada”, rima ele.
O astro da Netflix começou a atuar cedo — ou melhor, cedíssimo. Aos 3 meses de idade já aparecia em comerciais, ajudando assim a engrossar o orçamento familiar (o pai se virava em diferentes ocupações, e a mãe era dona de casa). Aos 3 anos, Jottapê estava no elenco de Acquaria (2003), produção estrelada pela dupla Sandy & Junior. Depois seria protagonista do filme O Menino da Porteira (2009). Participaria ainda de Avenida Brasil (2012), da Rede Globo, na pele de Jerônimo, capanga do vilão Nilo (José de Abreu) na telenovela de João Emanuel Carneiro. Antes disso, trabalhara como repórter do humorístico CQC, da Band.
O funk entrou em seu horizonte nos tempos de Chiquititas. Nas reuniões com os fãs, Jottapê sempre cantava — e pegou gosto pela coisa. Com o sucesso de Sintonia, viu sua agenda bombar: realiza cerca de quinze shows por fim de semana. “Pago as despesas domésticas e fico com o resto”, diz ele, que mora com os pais. Recentemente, comprou uma casa para a família. “É longe da quebrada”, faz questão de frisar.
Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668