Desde os tempos da rainha Vitória, que governou o Reino Unido de 1837 a 1901, o vestido da noiva é a maior atração da cerimônia de casamento. Em seu enlace com Albert de Saxe-Coburgo, em 10 de fevereiro de 1840, em Londres, a monarca selou a tradição do vestido branco que perdura até hoje. Antes associado ao luto — o mais comum entre as noivas eram os vestidos coloridos, como o dourado e azul, e, no caso da realeza, o púrpura —, o branco tornou-se a cor oficial depois de Vitória. O vestido, já nem tanto. O modelo não reina mais tão soberano. Em 1971, por exemplo, Bianca Jagger surpreendeu com seu tailleur branco desenhado por Yves Saint Laurent quando se casou com Mick Jagger. Em 1995, a atriz Pamela Anderson usou um biquíni — tudo bem, era branco — para se unir ao roqueiro Tommy Lee. Nos dois casos, há um denominador comum: a personalidade da noiva. E é exatamente este o motivo que continua fazendo surgir novas bossas nas cerimônias.
A mais nova são as calças compridas. Vistas em desfiles de moda nupcial, elas estão entre os modelos preferidos das noivas do século XXI. Boa parte delas não liga a mínima para a pressão de vestir um figurino que não lhe faz sentido. O que desejam é um rito com significado e um traje que reflita sua personalidade. “A mulher quer algo com a cara dela e não se fantasiar de noiva”, diz Lethicia Bronstein, estilista que tem em seu currículo, por exemplo, os modelos que as atrizes Camila Queiroz e Milena Toscano usaram em seus casamentos.
A busca por conforto, marca da moda na pandemia, e a segurança de noivos e convidados também influenciaram a mudança de figurino. Os eventos estão mais intimistas, menos suntuosos, e a noiva quer respirar sem aperto ou algo que a incomode. “As noivas optam por trajes adaptados às suas realidades mas sem perder o glamour do grande dia”, explica Lethicia. De fato, as noivas contemporâneas trazem sua personalidade por meio da forma como se apresentam ao mundo. No caso das que optam por se casar de calças compridas, elas preferem a elegância de trajes de alfaiataria, com linhas simples e retas e algum toque de ousadia, claro.
Uma inspiração é a advogada Amal Alamuddin, que em 2014 se casou com o ator George Clooney a bordo de um elegante conjunto de calça e blusa assinado por Stella McCartney. Os conjuntos, aliás, são tendência forte pelo que se viu na edição do New York Bridal Fashion Week 2021. Ao lado dos macacões, eles apareceram em muitas coleções, incorporando diversos estilos. Todos esses trajes são perfeitos para eventos urbanos ou realizados ao ar livre. No ato religioso, podem estar associados a elementos mais sofisticados. Por isso, de acordo com o estilo da noiva, vale a incorporação de detalhes em rendas ou brilhos, véus, saias removíveis, laços ou até uma capa, como a usada pela cantora Solange Knowles em seu macacão de casamento. “O aspecto mais tradicional é a cor alva”, pontua Lethicia sobre o branco e suas variações off-white e marfim. Embora clássico, ele conversa perfeitamente com os modelos que qualquer mulher queira usar no dia do casamento (e que seja eterno enquanto dure).
Publicado em VEJA de 29 de setembro de 2021, edição nº 2757