Todas as vezes em que ‘Vale Tudo’ indicou bons livros
Novela das 9 da Globo pode não ter sido perfeita, mas ao menos seus personagens tinham bom gosto literário
Na busca por ser uma trama atualizada e que tivesse credibilidade no ano de 2025, a Vale Tudo de Manuela Dias teve que se renovar por inteiro — e o fez incluindo merchandising excessivo em seu roteiro, criando um ambiente em que a influência nas redes sociais é sinônimo de sucesso e colocando na boca de suas personagens frases típicas da internet da década de 2020. Além desses, há um outro aspecto pouco falado: as referências literárias da novela.
Em diversos momentos, personagens eram vistos lendo livros contemporâneos e clássicos, mostrando que estavam atentos às novidades e tendências do mundo editorial, mas também aos seus cânones. Ainda que discretas, as boas indicações literárias do folhetim foram acertos em cheio: O perigo de estar lúcida, da espanhola Rosa Montero, foi lido por Odete Roitman (Debora Bloch) em um capítulo e alcançou na mesma semana o top 1 dos livros de literatura europeia mais vendidos da Amazon, registrando um aumento de 60% em suas vendas de acordo com dados divulgados pela CNN. Confira a seguir outros 5 bons livros que Vale Tudo trouxe para seus capítulos:
A Amiga Genial, de Elena Ferrante
Lido por Tia Celina (Malu Galli), A Amiga Genial é o início de uma tetralogia que explora a construção do feminino em uma Itália devastada pela guerra. No primeiro livro, que vai da infância aos 16 anos, as amigas Lila e Lenù são crianças que vivem com suas famílias disfuncionais em um bairro pobre e industrial em Nápoles. Seus dias são marcados por conflitos de classe e submissão, que aos poucos estabelecem distâncias fundamentais entre as duas conforme crescem e vivem a juventude, os primeiros amores e o sonho de um futuro melhor.
As intermitências da Morte, de José Saramago
Como seria o mundo se as pessoas simplesmente parassem de morrer? É essa a ideia que percorre este romance do vencedor do Nobel de Literatura, José Saramago. Após eras sendo odiada e temida pela humanidade, a morte resolve parar de trabalhar e as pessoas param de morrer. O que parecia uma ótima ideia começa a se mostrar um problema social e econômico — abordados com o humor e sagacidade típicos de Saramago. Mais um ponto para Tia Celina.
O Impulso, de Ashley Audrain
Este romance de estreia da autora canadense acompanha a história de Blythe Connor e sua primeira experiência na maternidade. Quando sua primeira filha nasce, nada se sai como Blythe havia imaginado e a criança parece não se comportar da maneira esperada. Além disso, o marido Fox ignora suas queixas e as atribui ao cansaço da gravidez e do cuidado com a criança. Quando o segundo filho nasce, tudo parece finalmente começar a dar certo, mas um acidente trágico vai abalar mais uma vez as estruturas da jovem mãe. Lido por Odete Roitman, o livro parece ter tudo a ver com a matriarca dos Roitman, que já afirmou em mais de uma ocasião que não tinha nascido para ser mãe — e que vive relações conflituosas com seus próprios rebentos na trama.
Gente independente, de
Misturando a narrativa da ascensão social ao sobrenatural, o livro vencedor Nobel de Literatura de 1955 conta a história de Gudhbjartur Jonsson a partir do momento em que consegue se ver livre do trabalho servil como camponês e compra seu próprio terreno em uma região conhecida por ser assombrada por fantasmas e outros seres assustadores. Rósa, a esposa de Jonsson, teme o lugar, mas o homem ignora o temor e foca em construir sua nova vida. Não vai demorar muito para que essa rigidez se torne um conflito em sua vida. A leitura deste foi do herdeiro Afonso Roitman (Humberto Carrão).
Trincheira Tropical, Ruy Castro
Mesmo sem ter participado da Segunda Guerra Mundial diretamente, o Brasil sentiu os efeitos da guerra — brilhantemente narrados neste recente livro de Ruy Castro, introduzido na novela por Marco Aurélio (Alexandre Nero). De 1935 a 1945, a população brasileira foi afetada pelo conflito europeu, que impactou seus hábitos e as artes produzidas na época, além de presenciar a disputa interna entre comunistas e integralistas na polarização que marcava o governo de Getúlio Vargas.
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