Poucos programas se tornaram um símbolo tão grande de bobagem televisiva, daquelas que nem todo mundo que vê assume, quanto o Big Brother Brasil.
Ao contrário da maioria das atrações frutificadas sob essa pecha, especialmente em outras emissoras, o trash não começa pela falta de apuro técnico. BBB talvez seja o programa mais bem editado da TV nacional, em que milhares de horas nas quais quase nada acontece se transformam em clipes dinâmicos. Também não é culpa dos apresentadores – se Pedro Bial trazia certo verniz ao show, Tiago Leifert se consolidou precocemente em sua sucessão com estilo próprio, carisma e agilidade de raciocínio, que fariam a diferença em qualquer atração popular.
Chega-se, então, ao elenco. Serão os emissores dos gritinhos de “uhu!” a matéria-prima da baixaria? Não, se levada em conta a atual edição, em que (fato raro) foram priorizados participantes com algum propósito de vida. A escalação incluiu um advogado cursando mestrado em estudos fronteiriços, um diplomata, uma bailarina que dá aula a crianças carentes, uma paratleta, uma setentona cheia de juventude. Resultado: todos esses interessantes personagens para se conhecer em uma mesa de bar ofuscados pela protagonista de edição, a gêmea fútil e manipuladora, com muito menos a dizer (sua frase que mais repercutiu é impublicável aqui). E aí sobra o que torna tudo imbecilizante: o próprio formato. Na caixa de Skinner do BBB, falta comida, raciona-se água, eleva-se a tensão constante pela sobrevivência, afloram os mais básicos instintos e deles é feito o espetáculo. Pode ser de alguma utilidade para algum estudo comportamental. Como TV, o resultado costuma nada mais que puro lixo.