Mais de 70% dos empregos gerados entre o primeiro e segundo trimestre do ano foram informais, ou seja, sem as proteções oferecidas a quem tem carteira assinada, como férias, 13º salário e FGTS. A conclusão faz parte do estudo ‘Trabalho novo, precarização antiga’, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Neste período, 8,8 milhões de pessoas que estavam trabalhando ficaram desempregadas ou saíram por conta própria do trabalho. Ao mesmo tempo, 9,4 milhões de desempregados conseguiram um emprego. Entre os novos empregados, 74% ficaram na informalidade.
O estudo mostra que 23% dos novos ocupados – 2,1 milhões de pessoas – foram incorporados sem carteira ao setor privado, enquanto 35% (3,3 milhões) tornaram-se trabalhadores por conta própria.
Essa situação gera um problema futuro para o já deficitário caixa da Previdência. É que 86% dos informais não contribuem para o sistema previdenciário.
Dos novos ocupados por conta própria, 71% estão concentrados em 20 ocupações a maioria delas ligadas a atividades manuais ou de prestação de serviços e vendas (veja abaixo).
Outro sinal de precariedade é que o rendimento médio do conjunto dos novos ocupados é de 1.023 reais, a metade do valor pago ao mercado de trabalho em geral (2.128 reais).
“Mais do que o estreitamento das oportunidades para os novos trabalhadores, o movimento descreve a falta de fôlego da economia brasileira para proporcionar, no curto prazo, alternativas mais estruturadas de trabalho, devido à fraca recuperação e a ausências de perspectivas melhores para o próximo período”, afirma o Dieese.