O que explica a alta da bolsa brasileira no início do semestre
Expectativa de vacina, emprego nos EUA e recuperação dos bancos influenciaram nos resultados
Ares de otimismo marcaram a abertura do segundo semestre no mercado financeiro brasileiro. A expectativa de uma vacina contra a Covid-19 puxaram o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, para cima. Nesta quarta-feira, 1º, a alta foi de 1,21%, a 96.203 pontos. Os testes de uma nova vacina,desenvolvida pelo laboratório alemão BioNTech e pela gigante farmacêutica americana Pfizer apresentaram resultados positivos na fase preliminar. Além disso, um os principais impulsos do apetite dos investidores brasileiros foram os dados sobre a economia americana: o relatório de emprego ADP mostrou que foram criadas 2.369 milhões de postos de trabalho nos EUA em junho.
Apesar de estar abaixo da expectativa mediana dos economistas americanos, que esperavam 2,9 milhões de vagas novas, esse índice foi positivo porque mostra que, aos poucos, o emprego na maior economia do mundo se recupera, animando o investidor sobre uma melhora gradual no cenário global. Essa alta se deve principalmente aos auxílios do governo americano por meio de benefícios a empresas e pessoas físicas. Além desse indicador, houve revisão do índice de empregos em maio, que mostrou que foram criados 3,065 milhões de empregos, e não destruídos 2,37 milhões. Outro dado positivo foi sobre a atividade fabril americana, divulgada pelo Instituto de Gestão de Fornecimento. O índice saiu de 43,1 em maio para 52,6 em junho, encerrando três meses seguidos de queda. Quando esse número está acima de 50, significa que a indústria de manufaturados está crescendo, um setor importante para a economia americana, que corresponde a 11% do PIB.
No mercado americano, porém, os dados de emprego não foram suficientes para aumentar o otimismo. A alta de casos de Covid-19 em 10 estados do país fez com que as altas na bolsa fossem mais tímidas do que o visto no mercado brasileiro. A Nasdaq subiu 0,95% e a S&P 500 cresceu 0,50%. Entretanto, o Dow Jones teve baixa de 0,30%.
Já o Euro Stoxx 50, que reúne as 50 principais empresas europeias, fechou em leve queda, de 0,17%. Os ativos foram impactados pelos dados desanimadores do desemprego na Alemanha, a economia mais forte da zona do euro. O índice que mede a falta de vagas vem crescendo desde a explosão da pandemia e em junho atingiu o topo dos últimos cinco anos: 6,2%, o equivalente a 2,85 milhões de pessoas desempregadas. No mês, 342 mil pessoas foram incluídas no Kurzarbeit, programa através do qual o governo alemão paga parte do salário dos funcionários das empresas afetadas pela crise. Atualmente são 12 milhões de beneficiários, cerca de oito vezes o número da crise de 2008, quando o programa foi criado.