Nos dias que se seguiram à revelação do acordo de delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, o império empresarial construído pela dupla parecia fadado ao desaparecimento. Mas, menos de três meses depois, o cenário se tornou bem menos plúmbeo: a JBS já recuperou 5,4 bilhões de reais em valor de mercado, enquanto a J&F conseguiu levantar 9,2 bilhões de reais com a venda da Alpargatas e da Vigor, duas das maiores empresas do grupo, o que proporcionou um significativo alívio ao caixa. Qual a mágica por trás desse movimento? Por que a JBS vai ganhando musculatura ao passo que as empreiteiras envolvidas na Lava-Jato continuam penando para se levantar?
Investigados por cinco operações da Polícia Federal, Joesley e Wesley perceberam no início deste ano que o cerco se fechava em torno de seu império e decidiram antecipar-se. Não só prepararam as gravações e todo o acervo com provas para fundamentar as denúncias, como começaram a planejar os passos necessários para preservar o grupo. Sem apego e com o estilo ágil habitual, entenderam que seria fundamental abrir mão de alguns negócios para reduzir o endividamento e reforçar a imagem de empresa sólida num momento de desconfiança do mercado. Com a liberdade conseguida pelo acordo, os próprios irmãos conduziram as negociações, tanto em reuniões quanto nas sondagens feitas por atores do mercado financeiro.
Rápida e bem planejada, a retomada da JBS destoa radicalmente do que está acontecendo com as empreiteiras. A Odebrecht, por exemplo, tem seu principal executivo, Marcelo Odebrecht, encarcerado desde 2015. No ano passado, o grupo anunciou um plano para levantar 12 bilhões de reais com a venda de ativos. Até agora, conseguiu 5 bilhões de reais. Alguns grupos, como OAS e UTC, enfrentaram tantas dificuldades para levantar recursos que só restou a saída da recuperação judicial.
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