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A nova rota do café brasileiro após tarifaço de Trump

A bebida encontrou novos portos: a Alemanha lidera, e até a concorrente Colômbia entrou na fila das importações

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 out 2025, 11h06

Quando Donald Trump decidiu impor uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro em agosto, o gesto foi visto, inicialmente, como um golpe político, uma demonstração de força voltada a proteger produtores americanos e reforçar a retórica nacionalista. Dois meses depois, os efeitos concretos dessa medida estão redesenhando os fluxos do comércio global de café.

Em setembro, a Alemanha ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o principal destino do café do Brasil, com 654,6 mil sacas importadas, o equivalente a 17,5% de tudo que o país exportou no mês, segundo o relatório divulgado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Os embarques para os EUA, por outro lado, despencaram 52,8% na comparação com setembro de 2024.

Desde a imposição da tarifa, o preço médio do café brasileiro nos EUA subiu cerca de 40%, tornando-se menos competitivo frente a origens como Honduras e Vietnã. Essa mudança levou importadores americanos a renegociar contratos e reduzir compras de blends brasileiros, tradicionalmente usados por grandes torrefadoras e redes de cafeterias.

Enquanto os EUA se retraem, a União Europeia consolida-se como o grande destino do café brasileiro. Juntos, os países do bloco responderam por mais de 60% das exportações em setembro. A Alemanha, que abriga um dos principais polos de torrefação e reexportação do continente, ampliou sua participação, aproveitando-se da desvalorização do real e dos custos logísticos menores em relação à rota americana.

A lista dos dez maiores compradores do café brasileiro em setembro revela um realinhamento global. Alemanha e Itália continuam na dianteira europeia, seguidas por Japão, Bélgica e Holanda. Mas o dado mais curioso vem da Colômbia – tradicional concorrente do Brasil na produção do arábica -, que entrou pela primeira vez entre os dez maiores destinos, com um salto de 567% nas compras na comparação com setembro de 2024.

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O aumento, segundo o Cecafé, não reflete uma inversão estrutural do mercado, mas uma necessidade temporária: o país vizinho tem enfrentado problemas de safra e buscado suprir o mercado interno e, em parte, reexportar o grão dentro do regime de drawback, que concede benefícios fiscais à importação de insumos voltados à exportação.

Apesar do choque comercial, a performance financeira do café brasileiro em 2025 tem surpreendido. De janeiro a setembro, o país exportou 29,1 milhões de sacas , uma queda de 20,5% em volume em relação a 2024, mas com receita 30% maior, totalizando US$ 11,05 bilhões. Em setembro, as exportações brasileiras de café caíram 18,4%, somando 3,75 milhões de sacas de 60 kg, o menor volume para o mês em três anos. Ainda assim, a receita cresceu 11,1%, alcançando US$ 1,37 bilhão, sustentada pela valorização dos contratos futuros e pela alta dos preços internacionais do arábica.

O fenômeno reflete não apenas os preços elevados, mas também uma estratégia mais sofisticada dos exportadores, que têm direcionado o produto para mercados premium e contratos de cafés especiais.

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Os destinos do café brasileiro

  • Alemanha com 654,6 mil sacas, que correspondem a 17,5% do total vendido no período
  • Itália, com 334,65 mil sacas importadas (8,9%)
  • Estados Unidos, com 332,83 mil sacas importadas (8,9%)
  • Japão, com 219 mil sacas (5,8%)
  • Bélgica, com 185,11 mil sacas (4,9%)
  • Holanda, 150,93 mil sacas (4,3%)
  • Turquia, com 150 mil sacas compradas (4%)
  • Espanha, com 142,37 mil sacas compradas (3,8%)
  • Colômbia, com 107,28 mil sacas compradas (2,9%)
  • Canadá, com 106,93 mil sacas compradas (2,9%)

Fonte: Cecafé

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