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A reação do mercado à escolha de Gleisi Hoffmann para a articulação política

Investidores veem fortalecimento da ala mais à esquerda do governo e menos inclinada ao ajuste fiscal e ao diálogo

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 fev 2025, 16h50

A decisão de colocar a presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-SP) à frente da Secretaria de Relações Institucionais, ministério responsável pela articulação política do governo, não foi bem recebida entre investidores do mercado financeiro que veem fortalecimento da ala mais à esquerda do governo e menos inclinada ao ajuste fiscal e, consequentemente, possível enfraquecimento da capacidade de articulação do governo com setores da economia.

Além da resistência dos investidores ao seu nome, a deputada federal e presidente nacional do PT também enfrenta resistência de diversos parlamentares, o que reforça um ambiente político delicado, avalia Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital. “O receio do mercado é que sua nomeação possa complicar ainda mais a articulação do governo, que já dá sinais de fragilidade em temas importantes”, diz.

A preocupação que paira sobre o mercado não está apenas na troca de nomes, mas no fortalecimento de um ala mais ideológica, o que pode enfraquecer o diálogo com setores econômicos e reduzir o espaço para negociações voltadas ao equilíbrio fiscal. “Isso fica evidente com a subida do dólar no dia da sua indicação”, diz Vasconcellos.

Jorge Kotz, CEO do Grupo X, focado em educação empresarial, diz que o anúncio deixa claro que a questão técnica não é uma prioridade na escolha dos ministros e nas ações na economia. “Isso deixa o mercado ainda mais cético de um possível ajuste fiscal e acende o alerta de que o foco está apenas nas eleições de 2026, o que passa por despejar dinheiro público pelo país. A consequência é a bolsa caindo e o dólar disparando”, diz.

A reação no mercado à escolha de Gleisi para a pasta da articulação é cautelosa também na visão de André Matos, CEO da MA7 Negócios, o que acaba se refletindo na alta do dólar. “A nomeação foi um fortalecimento da ala mais à esquerda do governo, o que sempre desperta um certo receio entre os investidores, principalmente diante das discussões sobre a condução da política fiscal e econômica”, diz.

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A subida do dólar nesta tarde evidencia o temor de que a articulação política do governo, que já enfrenta dificuldades , se torne ainda mais complexa com a chegada de Gleisi em um cargo dessa importância,  também na visão de João Kepler, CEO do Equity Group. 

“Para os investidores, essa mudança sinaliza que a ala mais radical do PT ganha espaço, que gera incertezas sobre o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal”, diz. Kepler também  diz que o mercado vê na escolha uma derrota para o ministro Fernando Haddad. “A decisão isola ainda mais o ministro da Fazenda e reduz sua capacidade de influenciar a agenda econômica”, diz.

As eleições presidenciais já entraram no radar entraram no radar e o mercado já precifica até uma possível cotação de Gleisi para suceder Lula na corrida presidencial do ano que vem,  avalia Marcos Moreira, sócio da WMS Capital. Ele diz que a grande questão é quem será o candidato do atual governo o cargo, se Lula vai concorrer ou fazer um sucessor. “À medida em que nomes como a Gleisi ganham destaque e são indicados para uma pasta como a de relações institucionais, o mercado tenta precificar o que devemos ter pela frente nas eleições”, diz.

 

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