ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Tarifas de 50% de Trump pressionam o dólar e derrubam ações de exportadoras

Depreciação dos ativos brasileiros perdeu forças; analistas recomendam cautela, mas veem oportunidades em exportadoras

Por Ana Paula Ribeiro Atualizado em 10 jul 2025, 12h44 - Publicado em 10 jul 2025, 11h45

Os mercados financeiros reagem à nova tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros. O dólar iniciou o dia em forte alta, ultrapassando os R$ 5,60, enquanto o Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, recuou mais de 1% na abertura. No entanto, com o ajuste das posições (e do entendimento sobre o impacto das tarifas), as perdas foram um pouco minimizadas.

O Ibovespa, por volta das 11h20, operava em queda de 0,78%, aos 136.402 pontos, uma desaceleração em relação aos 1,1% registrado menos de 1h antes. Já o dólar comercial subia 0,75%, cotado a 5,545 reais – na máxima do pregão, chegou a 5,621.

Empresas exportadoras como frigoríficos, Embraer e Petrobras estão entre as mais afetadas pelas novas sanções comerciais, refletindo a sensibilidade do mercado às tensões entre Brasil e Estados Unidos.

Os papéis da Embraer (EMBR3) operam em queda de 6,66% e as da Minerva (BEEF2) recuam 4,74%. Ainda entre as exportadoras, os papéis da Marfrig caem 3,77%, mais intenso que o registrado pela Marcopolo (POLO4) e Weg (WEGE3), que recuam, respectivamente, 1,23% e 1,22%. A desvalorização não atingiu a JBS, que tem uma forte presença nos Estados Unidos e sobe 1,21%. Também avança forte a Vale (VALE3), com valorização de 4,61%.

Levantamento do Goldman Sachs mostra ainda que das empresas brasileiras, a Suzano (SUZB3) é a que possui maior exposição aos mercados americanos – 19% das vendas líquidas. No entanto, os papéis da empresa têm alta de 0,42%. Outras com potencial de serem afetadas são a CSN, Vale, Klabin e Gerdau.

Continua após a publicidade

“A Suzano é a empresa mais impactada negativamente pelas tarifas anunciadas (assumindo que não haja isenção do produto). Sua exposição relativamente alta aos EUA (19% das vendas líquidas totais, respectivamente) é grande demais para ser facilmente redirecionada para outras regiões e exigiria um esforço comercial e logístico significativo, além de potencial pressão sobre os preços no processo”, avaliaram os analistas Marcio Farid, Henrique Marques e Emerson Vieira.

Aumento da incerteza

Os efeitos da medida, e se ela será aplicada de fato ou não, elevam o nível de incerteza nos negócios. Na avaliação dos analistas do BTG, é possível que o Brasil consiga compensar parte da deterioração da balança comercial que pode ocorrer, mas o maior problema é o ambiente econômico, que mudou. A tarifa entra em vigor em 1º de agosto, mas a maioria dos analistas acredita em uma negociação até lá.

“Na prática, o maior custo dessa nova rodada de tarifas está menos no potencial impacto direto sobre os fluxos de comércio e mais na piora do ambiente econômico, na deterioração da relação de parceria histórica entre os dois países e na incerteza gerada”, disseram.

Continua após a publicidade

Nas contas do banco, o Brasil pode ter uma redução das exportações de US$ 7 bilhões (0,3% do PIB) em 2025 e de US$ 13 bilhões (0,6% do PIB) em 2026, o que pode ser compensado por outros mercados.

Esses números explicam parte da reação dos mercados nesta quinta-feira, com as perdas sendo minimizadas. Apesar de uma queda ainda contida, João Kepler, CEO da Equity Group, afirma que o movimento abre oportunidades, em especial as empresas com receitas em dólar.

“Se houver uma resposta coordenada do governo à medida americana, o mercado pode encontrar novos pontos de equilíbrio”, disse.

Continua após a publicidade

Para Pedro Ros, da Referência Capital, há uma melhora de fundamentos das empresas exportadoras com a apreciação do dólar, mas a recomendação é de cautela.

“A medida pressiona o câmbio, eleva a percepção de risco e afeta os fundamentos de empresas exportadoras, especialmente em setores como agro e mineração. Apesar da desaceleração do IPCA, que subiu 0,24% em junho, o cenário segue exigindo cautela do Banco Central, que pode ser forçado a manter os juros elevados por mais tempo diante das novas pressões inflacionárias externas”, avaliou.

Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do programa VEJA Mercado:

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
A partir de 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Ofertas exclusivas para assinatura Anual.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.