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A relação do pacote de estímulos de Biden e a cotação do dólar no Brasil

Câmbio é marcado por volatilidade neste início de ano com risco Brasil, inflação e também a enxurrada de estímulos no plano no presidente eleito dos EUA

Por Luisa Purchio Atualizado em 15 jan 2021, 19h22 - Publicado em 15 jan 2021, 12h10
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  • LIMPEZA - Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos: o combate às emissões de carbono, parte de sua “agenda verde”, será prioridade no seu governo -
    NEUTRALIZAÇÃO - O derretimento da moeda americana no mundo alivia a pressão sobre o real, causada pelo risco fiscal do país - (Chandan Khanna/AFP)

    O real recuperou um pouco das perdas acumuladas na primeira quinzena de 2021 graças às boas notícias sobre a moeda americana vindas da “onda azul” nos Estados Unidos. Os primeiros 15 dias de 2021 foram marcados por um sobe e desce agudo da cotação do dólar, o que surpreendeu os analistas do mercado financeiro. Até a segunda-feira, 11, após instabilidades vindas de Brasília sobre a economia brasileira, o dólar tinha acumulado uma alta de 6% e atingido 5,5036 reais, quase 30 centavos a mais que a cotação no último dia de 2020. Na quinta-feira, 14, no entanto, a moeda brasileira neutralizou boa parte dessa perda e a cotação fechou a 5,2097 reais, uma queda 1,89% em relação ao patamar do dia anterior. Os fatores que geraram essas oscilações pautam bem as principais forças que influenciarão na cotação do dólar em 2021: os caminhos fiscais escolhidos pelos Estados Unidos desvalorizam o  dólar no mundo, enquanto o risco fiscal do Brasil enfraquece o real.

    A desvalorização do dólar ocorrida na quinta, por exemplo, foi global e deve-se às falas das principais autoridades americanas sobre as perspectivas para a política monetária e os auxílios econômicos do governo dos Estados Unidos em 2021. O presidente eleito Joe Biden anunciou um pacote de 1,9 trilhão de dólares em estímulos fiscais, sendo 1 trilhão de dólares em auxílio direto às famílias, 440 bilhões de dólares para empresas e comunidades, além de reforços ao setor da saúde e em socorro aos déficits orçamentários dos estados e municípios.

    No mesmo dia, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em encontro virtual promovido pela Princeton’s Bendheim Center for Finance, afirmou que a economia americana está muito longe de atingir as metas de recuperação e portanto os estímulos monetários não serão cortados em breve. “Ele confirmou as nossas expectativas ao reforçar que um desvio da postura extremamente acomodatícia do Fed não está nos planos da instituição em 2021 e isso pesou sobre o dólar”, diz Victor Beiruty, economista da Guide.

    Essa enxurrada de dólares na economia americana naturalmente desvaloriza a moeda globalmente. Em relação ao peso mexicano, por exemplo, o dólar caiu 1,37% na quinta-feira, em comparação ao fechamento anterior. No Brasil, no entanto, uma pressão em outra direção impulsiona o dólar para cima, como as instabilidades políticas que aumentam o risco fiscal do país. O alto déficit público afugenta os investidores e, menos dólares na economia brasileira naturalmente torna-o mais caro.

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    “Temos todo um contexto que piora a percepção do risco, o presidente falando que o país está quebrado e não pode fazer nada, a luz amarela na questão fiscal, o fim dos pacotes de ajuda financeira”, diz Fábio Galdino, sócio da Vero Investimentos. “Além disso nos próximos meses o governo tem uma dívida de 28% para arrolar, quase 1 trilhão de reais. Tudo isso reflete no dólar, que é o nosso único indicador ou ativo de risco que capta isso”, diz ele. Nesta sexta-feira, por exemplo, por volta do meio-dia, a moeda americana subia 1,23% em relação ao real.

    Todas essas variáveis pesam e geram incertezas sobre a cotação do dólar. Há ainda outros fatores que estão sendo monitorados de perto pelos economistas, como a inflação do país e como ela pode impactar para uma alta da Selic. Hoje o juros real da economia estão negativos devido à baixa taxa Selic e o alto IPCA. Com a vacina e a recuperação do setor de serviços, no entanto, o IPCA pode ficar muito pressionado e levar a uma elevação da Selic, o que atrai mais investimentos estrangeiros ao país e barateia o dólar em relação ao real.

    Há ainda a influência do desequilíbrio fiscal na Selic, que leva a uma taxa de juros de longo prazo muito elevada em relação ao curto, o que é prejudicial às contas públicas. “A partir do momento em que você sobe ou dá sinalização que vai começar a subir os juros, há uma clara apreciação no câmbio”, diz Vitor Vidal, economista da XP Investimentos, para quem a Selic subirá para 4% em 2022 e 3% em 2021. A expectativa da corretora para o câmbio em 2021 é de 4,90 reais e 4,80 no final do ano que vem.

    A expectativa é que as próximas semanas ainda serão marcadas por alta volatilidade da cotação do dólar, com eleições das presidências das casas do Congresso brasileiro e ainda as dificuldades que Biden pode enfrentar para aprovar seus planos no legislativo americano. Na próxima quarta-feira, 20, o Copom ainda divulgará o comunicado sobre sua reunião e a expectativa para a Selic.

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