A resposta do ministro Haddad para a alta da Selic
'O novo presidente com os novos diretores, eles têm aí uma herança a administrar', disse o ministro sobre a decisão de aumentar a taxa básica em um ponto

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a alta dos juros promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) já estava contratada desde a gestão de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central. Em entrevista ao programa Bom Dia Ministro, na manhã desta quinta-feira, 20, o ministro falou sobre a indicação de que o ciclo de alta da Selic não está encerrado, mas evitou críticas a Gabriel Galípolo, ex-número 2 da Fazenda e presidente do BC desde janeiro.
Em dezembro do ano passado, quando o Copom decidiu por elevar a taxa a 12,25%, o comunicado já trouxe a indicação dos dois ajustes de 1 ponto percentual, que foram feitos em janeiro e na noite desta quarta-feira, 20. O titular da Fazenda amenizou a decisão tomada sob a gestão de Galípolo: “Você, na presidência do Banco Central, não pode dar um cavalo de pau depois que assumiu, isso é uma coisa muito delicada”. “O novo presidente e diretores têm uma herança a administrar, assim como eu tinha uma herança a administrar depois de Paulo Guedes [ministro da Economia no governo de Jair Bolsonaro (PL)]”, declarou.
O aumento de ontem era amplamente esperado pelo mercado financeiro e a novidade principal foi a indicação de mais um ajuste em maio, porém, menor do que 1 ponto percentual.
Haddad afirmou que o Banco Central tem a meta de inflação para cumprir, assim como o governo precisa alcançar a meta fiscal aprovada pelo Congresso. Haddad destacou que ambas as metas são exigentes, mas precisam ser perseguidas. Ele defende que é possível administrar a economia para o país crescer de maneira sustentável, sem que a inflação saia do controle. “Queremos uma inflação cada vez mais comportada, sabendo que quando ela sai da banda o Banco Central tem que trazer ela para o patamar convencionado pelo Conselho Monetário Nacional”.
Autonomia do Banco Central
Sobre a transição no comando do Banco Central, cujos mandatos não coincidem com a troca de gestão no Executivo, o ministro disse que o governo concluiu com sucesso. “Optou-se no Brasil por uma troca depois de dois anos, praticamente no meio do mandato do presidente seguinte. Foi uma experiência inédita que aconteceu. E eu acredito que nós procuramos fazer da melhor maneira possível. Com todas as divergências que surgiram e tudo mais, nós procuramos fazer da maneira mais civilizada possível. E concluímos esse processo de maneira exitosa”, disse.
A transição, segundo Haddad, exigiu um esforço muito grande “para ser o mais republicano e institucional possível”. “E eu acredito que nós temos uma tarefa, que é debelar esse aumento de preços que houve”, disse.