Ações da JBS despencam 32% em uma semana, após investigações
Empresa foi alvo de operação da Polícia Federal que apura se houve favorecimento do BNDES, e delação de um dos donos envolveria o presidente Michel Temer
As ações do frigorífico JBS registraram perdas de 32,5% em uma semana, após duas investigações envolvendo a empresa. Os papéis da companhia, que fecharam o pregão de quinta-feira da última semana cotados a 11,30 reais, atingiram a mínima de 7,63 reais na mínima desta quinta-feira, por volta das 12h30. A queda hoje chegou a 19,15%. No mesmo horário, o Ibovespa recuava 9,51%, aos 61.350 pontos.
A JBS foi alvo da Operaçao Bullish, da Polícia Federal, deflagrada na última sexta-feira. Os agentes cumpriram37 mandados de condução coercitiva e 20 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo para investigar se houve favorecimento ilegal do BNDES à companhia. Um dos donos da empresa, Wesley Batista, foi levado para prestar depoimento.
Na última quarta-feira, a empresa voltou ao noticiário após a informação de que outro de seus donos, Joesley Batista, teria gravado o presidente da República Michel Temer dando aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PDMB-RJ), preso na Lava Jato. A denúncia seria parte de delação premiada do empresário, e o registro seria de março deste ano. Na quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal autorizou abertura de inquérito contra o presidente.
As informações sobre um áudio envolvendo Temer fizeram o Ibovespa abrir o dia em queda, chegando à mínima de 10,47%. A baixa fez com que as negociações fossem suspensas por 30 minutos.
Por volta das 16h40, o Ibovespa registrava baixa de 8,83% aos 61.579 pontos, e os papéis da JBS tinham baixa de 9,68%, a 8,58 reais.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a JBS disse por meio de nota que sua relação com bancos públicos é feita de forma “profissional e transparente”. “Todo o investimento do BNDES na Companhia foi feito por meio da BNDESPar, seu braço de participações, obedecendo a regras de mercado e dentro de todas as formalidades. Esses investimentos ocorreram sob o crivo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e em consonância com a legislação vigente. Não houve favor algum à empresa”, diz trecho do texto.
Sobre a delação de Joesley Batista, a empresa disse que não se manifestaria.