O efeito da mudança na política de privacidade da Meta nas ações da companhia
Depois de cair cerca de 2% na terça-feira, após o anúncio de Mark Zuckerberg, papéis também recuam nesta quarta-feira

As ações da Meta amanheceram em queda nesta quarta-feira, 8, após cederem 1,95% na sessão de ontem, quando a empresa anunciou mudanças em sua política de checagem de informações. Por volta das 11h30 (horário de Brasília), os papéis cediam -1.32% na bolsa americana Nasdaq. A companhia disse que a decisão visa “restaurar a liberdade de expressão”, em mais um gesto de aproximação com o presidente eleito Donald Trump, que assumirá o cargo no próximo dia 20.
A Meta, dona das redes socias Facebook, Instagram e Threads, vai encerrar seu programa de verificação de fatos e adotará um modelo de Notas da Comunidade, semelhante ao da plataforma X, de Elon Musk. Nele, os próprios usuários adicionarão contexto ou correção às publicações por meio de caixas de texto destacadas. O recurso será lançado nos Estados Unidos nos próximos meses.
O programa de verificação foi criado em 2016, época em que a empresa enfrentava escândalos de disseminação de desinformação, sobretudo em campanhas eleitorais. Mais tarde, descobriu-se que, naquele ano, a empresa não impediu o vazamento de dados de 50 milhões de pessoas para a empresa americana Cambridge Analytica. Essas informações foram usadas, sem o consentimento dos usuários, para direcionar propaganda política em favor de Donald Trump, à época candidato à presidência dos Estados Unidos.
Em um pronunciamento em vídeo nesta terça-feira, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, afirmou que os verificadores independente têm sido “politicamente tendenciosos” e “destruíram mais confiança do que criaram, especialmente nos Estados Unidos”. Zuckerberg também citou a vitória de Trump como um ponto de inflexão para a política de checagem. “As recentes eleições também parecem marcar um ponto de virada cultural em direção a priorizar novamente a liberdade de expressão”, disse.
Trata-se de mais um movimento de aproximação da Meta de Donald Trump, após a empresa anunciar na segunda-feira a eleição de Dana White, CEO da Ultimate Fighting Championship (UFC) para seu quadro de conselheiros. O executivo é conhecido por sua amizade com o presidente eleito.
Atualmente cotadas a 618 dólares, as ações da Meta fecharam 2024 em alta de quase 70% na Nasdaq, após uma disparada de 190% em 2023. A companhia tem sido beneficiada pelo entusiasmo dos investidores com o avanço da inteligência artificial. Em um relatório publicado na segunda-feira, analistas do banco americano de investimentos Jeffries escreveram que a Meta deve ser “a melhor aposta em IA no segmento de consumo” em 2025 e elevaram o preço-alvo das ações da empresa de 675 dólares para 715 dólares.