Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Não é só o TikTok: por que EUA e China ampliam cerco a gigantes tech

Elas se tornaram protagonistas da guerra comercial e das crescentes tensões geopolíticas entre os dois países

Por Camila Barros Atualizado em 3 jun 2024, 17h06 - Publicado em 3 Maio 2024, 06h00

A rede social chinesa TikTok conseguiu o que parecia ser impossível nos Estados Unidos: unir campos políticos divergentes. Há alguns dias, o presidente democrata Joe Biden sancionou, com apoio dos republicanos, uma lei que fecha o cerco contra o gigante chinês no país. Entre outros pontos, determina que a controladora da marca, a ByteDance, venda a operação americana do TikTok. Caso isso não ocorra, a rede social poderá ser banida dos Estados Unidos no ano que vem. Com 1 bilhão de usuários no mundo — dos quais 150 milhões em território americano e 98 milhões no Brasil — o aplicativo é considerado pelo governo Biden uma ameaça à segurança nacional. O argumento, contudo, não esconde o fato de que as grandes empresas de tecnologia se tornaram protagonistas da guerra comercial e das crescentes tensões geopolíticas entre Estados Unidos e China.

arte big tech

Criado em 2016, o TikTok extrapolou suas atribuições originais. Com o tempo, o aplicativo de compartilhamento de vídeos se tornou muito mais do que uma rede social de dancinhas divertidas. Hoje em dia, é uma das principais fontes de informação para jovens da geração Z (os nascidos de 1995 a 2010), representando uma ameaça até mesmo para o Google (leia o quadro). Na visão dos congressistas de Washington, o perigo do Tik­Tok reside na possibilidade de vazamento de dados de cidadãos americanos para os chineses. Muitos analistas, porém, consideram que há bem mais em jogo. “Ao mesmo tempo que o governo usa a justificativa de vazamento de dados, existe a questão de proteção das tecnologias nacionais”, diz Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas.

Os críticos das restrições impostas pelo governo Biden dizem que elas contrariam um princípio que fez dos Estados Unidos o mais poderoso dos países: a livre iniciativa. Ao impedir que um rival externo enfrente as empresas locais, os americanos estariam repetindo os métodos das nações que desprezam a liberdade econômica. Não é a primeira vez que isso ocorre. Um caso emblemático é o da Huawei, outro destaque chinês de tecnologia. A fabricante de equipamentos de telecomunicação sofre restrições comerciais nos Estados Unidos desde 2019, sob o mesmo argumento — o risco à segurança nacional. Segundo o governo, os equipamentos da companhia, uma das líderes da tecnologia 5G, poderiam ser utilizados para espionagem.

PREGÃO - IPO do Alibaba nos EUA: governo chinês era contrário à iniciativa
PREGÃO - IPO do Alibaba nos EUA: governo chinês era contrário à iniciativa (Scott Eells/Bloomberg/Getty Images)
Continua após a publicidade

A China, claro, não fica atrás quando o assunto é ingerência indevida do Estado nos desígnios da iniciativa privada. No ano passado, o governo proibiu que funcionários públicos utilizem iPhones durante o trabalho, numa investida para diminuir a dependência de equipamentos estrangeiros e impulsionar o uso de smartphones nacionais. Mais recentemente, segundo informou o jornal britânico Financial Times, o país também instituiu diretrizes para que os computadores oficiais do governo não incorporem chips das americanas Intel e AMD. Como se não bastasse, o Partido Comunista Chinês veta no país o uso de redes sociais e sites tradicionais no Ocidente, como Face­book, Google, Instagram e You­Tube. Na direção oposta, empresas chinesas como a plataforma de comércio eletrônico Alibaba tiveram de superar inúmeros obstáculos para abrir capital nos Estados Unidos — os chineses não queriam que o gigante tivesse grandes acionistas estrangeiros. O próprio Tik­Tok não existe por lá — também pertencente à ByteDance, a versão chinesa do aplicativo chama-se Douyin e é operada com submissão a orientações governamentais. Na guerra fria entre as nações, é o consumidor que sai perdendo ao ser impedido de escolher o produto de acordo com os seus próprios interesses.

Publicado em VEJA de 3 de maio de 2024, edição nº 2891

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.