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Alerta para a questão ambiental

O não engajamento pode trazer prejuízos para o Brasil

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 15h02 - Publicado em 24 jan 2020, 06h00
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  • O Fórum Econômico Mundial de 2020, que acontece até sexta-feira (24) em Davos, na Suíça, destacou o meio ambiente como tema central. Pauta previsível, em especial após as queimadas na Amazônia em 2019 e o expressivo aumento do consumo de combustíveis fósseis no mundo.

    Davos tenta ir além dos debates, lançando uma iniciativa para plantar, em todo o mundo, 1 trilhão de árvores em dez anos. O fato de um fórum de natureza essencialmente econômica colocar o meio ambiente como tema prioritário serve de alerta para o Brasil. O não engajamento firme em políticas ambientais pode resultar em grave prejuízo para nossas exportações e para o fluxo de investimentos.

    Países podem usar a questão ambiental de forma protecionista, a fim de criar barreiras e proteger mercados. Consumidores podem boicotar produtos brasileiros. E o Brasil não está preparado para tais desafios. Falta, entre nós, uma narrativa para a questão que não se limite a discursos que negam os nossos problemas ou ignoram os avanços existentes.

    Como fazer isso? O desafio ambiental traz imensas oportunidades para o Brasil. E o primeiro passo é justamente entender que uma política racional no setor é premente por suas repercussões sociais e econômicas. Temos iniciativas positivas no campo ambiental que devem ser valorizadas e aprofundadas.

    “O recurso mais ameaçado pela degradação do meio ambiente é o próprio ser humano”

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    Uma vez que a questão ambiental se torne uma prioridade econômica e social, o país deverá adotar práticas que cuidem do presente e nos preparem para o futuro. O presente deve ser abordado com políticas que monetizem o cuidado com o meio ambiente e a sustentabilidade. O futuro deve ser tratado com intensa educação cidadã, cívica e ambiental.

    O recurso mais ameaçado pela degradação do meio ambiente é o próprio ser humano. Ele deve ser o foco de qualquer política ambiental. Por isso não há como praticar política ambiental sem saneamento e fornecimento de água potável, sem estímulo a fontes alternativas de energia e sem técnicas que transformem o lixo em energia e, por tabela, em renda.

    Sendo o Brasil um país de vasto patrimônio ambiental, o turismo representa uma potencialidade extraordinária para nós. Fazer do Brasil um destino preferencial no segmento do chamado turismo ambiental deve ser um dos nossos objetivos prioritários. O turismo responde por mais de 10% do PIB mundial.

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    Em 2006, o Relatório Stern, elaborado pelo economista britânico Nicholas Stern, do Banco Mundial, sobre os efeitos das alterações climáticas na economia global dos próximos cinquenta anos, estabeleceu que o custo de transformação do mundo para uma economia de baixo carbono seria de apenas 1% do PIB mundial por ano. É um custo relativamente baixo diante do ganho.

    O Brasil deve fazer o dever de casa, o seu Relatório Stern, estabelecendo custos, responsabilidades e cronograma de transformação de nossa economia em uma economia ambientalmente sustentável. Não podemos nos permitir desperdiçar tempo, nosso recurso mais escasso, tampouco a excepcional oportunidade que se nos apresenta. A propósito: o anúncio da criação do Conselho da Amazônia, liderado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, é uma boa iniciativa.

    Publicado em VEJA de 29 de janeiro de 2020, edição nº 2671

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