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Alívio foi temporário: o alerta dos economistas para a inflação no Brasil

Economistas consultados por VEJA explicam por que o resultado de janeiro é um respiro momentâneo e a tendência é de alta

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 fev 2025, 16h31 - Publicado em 11 fev 2025, 11h58

Anunciado como o melhor resultado desde o início do Plano Real, em 1994, o avanço de 0,16% do IPCA de janeiro é em grande parte fruto de um alívio temporário causado pelo desconto na tarifa de energia elétrica. Em janeiro, mais de 78,3 milhões de consumidores receberam o desconto na conta de luz, 97% do total de clientes residenciais e rurais.

Mesmo com o resultado mais brando, os economistas consultados por VEJA alertam para a persistência da pressão, especialmente do setor de serviços. O índice acumula 4,56% nos últimos 12 meses, resultado acima do teto da meta de inflação, de 4,5%.

Para Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor da FGV, a inflação de alimentos, uma das principais preocupações do governo, continua forte mesmo tendo desacelerado de 1,18% em dezembro para 0,96% em janeiro. “Ainda é um nível bastante alto, ainda constitui uma pressão importante. Um item que contribuiu para a inflação de janeiro foi o grupo de transportes, que subiu 1,3%, associado aos reajustes nas tarifas de ônibus no início do ano, e ainda devemos considerar os reajustes de ICMS e do diesel pela Petrobras”, afirmou.

O principal fator para a desaceleração do índice foi a queda expressiva de 14,21% nas tarifas de energia elétrica, reflexo do bônus concedido pela Usina de Itaipu. Patricia Krause, economista-chefe para a América Latina da Coface, destaca que o principal fator para a desaceleração do índice, a queda na conta de luz em janeiro, teve impacto direto no grupo de habitação, que contribuiu negativamente com -0,46 ponto percentual para o IPCA do mês. “Sem esse efeito pontual, a inflação teria sido significativamente maior”, diz. Ela afirma que “o índice de difusão caiu de 69% em dezembro para 65% neste mês, algo levemente mais positivo, mas que não muda o cenário da inflação preocupante”.

Previsão é que a inflação volte a acelerar

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Claudia Moreno, economista do C6 Bank, reforça que a inflação de janeiro teria sido de aproximadamente 0,7% sem o desconto na conta de luz. Para fevereiro, a previsão é de que a inflação volte a acelerar, com o IPCA em 12 meses subindo para cerca de 5%. “A inflação segue preocupante, com os núcleos em trajetória de alta”, diz.

André Valério, economista sênior do Inter, também cita os núcleos que seguem pressionados. “O núcleo da inflação, medida que retira do cálculo os itens mais voláteis, acelerou em janeiro, como antecipado pelo IPCA-15, saindo de 0,57% em dezembro para 0,61% em janeiro, registrando uma alta média de 0,53% nos últimos três meses”. Ele também observa que “a inflação de serviços também apresentou aceleração, saindo de 0,66% em dezembro para 0,78%, influenciada pela alta de 10% das passagens aéreas”.

A redução observada em janeiro pode mascarar a persistência de pressões inflacionárias estruturais, segundo Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital. “Com o retorno dos preços normais da energia nos meses seguintes, é possível que o índice volte a subir, exigindo um monitoramento contínuo dos componentes que compõem o IPCA.”

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Resultado do IPCA de janeiro não deve influenciar o Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter o freio de mão puxado, na visão do economista André Perfeito. “Sabemos bem que a função de reação do Banco Central está vinculada à inflação de serviços, e estes, na verdade, subiram”, diz Perfeito, que projeta a Selic a 15% já no primeiro semestre.

Para a economista Paloma Lopes, da Valor Investimentos, a alta dos juros está sendo usada de forma mais intensa do que seria necessário se houvesse mais clareza sobre a política fiscal no futuro. “Se a gente continuar colocando só o peso total da economia brasileira em cima de política monetária isso vai fragilizar cada vez mais e mais o mercado financeiro, dado que vai sempre ser muito mais atrativa a renda fixa, devido à alta dos juros”, diz. Por uma questão de equilíbrio de mercado, ainda é necessário “um olho no fiscal bem mais profundo” do que ela acredita que o governo está disposto a fazer. 

 

 

 

 

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