Americano pode pagar US$ 800 a mais de imposto no ano com tarifas de Trump
Estudo da Tax Foundation estima que cobrança sobre importação de países vizinhos e da China deve reduzir crescimento e empregos nos EUA no longo prazo

Apenas um aumento nas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre os produtos de três países – México, Canadá e China, conforme anunciado neste fim de semana pelo recém-empossado presidente norte-americano Donald Trump – teria a capacidade de reduzir o crescimento, destruir empregos e ainda deixar as coisas mais caras em todos as economias envolvidas, incluindo a dos próprios Estados Unidos. É o que mostrou uma simulação divulgada nesta segunda-feira, 3, pela Tax Foundation, instituto internacional referência em estudos sobre tributação no mundo.
De acordo com o estudo, uma tarifa extra de 25% sobre os importados mexicanos e canadenses e outra de 10% sobre os chineses, conforme listou Trump, reduzirá em 0,4% o produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos até 2034, além de adicionar uma conta adicional de 1,1 trilhão de dólares em impostos até lá. Apenas em 2025, isso seria o equivalente a 800 dólares em tributos a mais a serem pagos pelas famílias norte-americanas. O país também pode perder 330 000 empregos com o efeito líquido do aumento das tarifas.
“São medidas em ampla medida estagflacionárias, porque elas aumentam os preços e, no médio e longo prazo, reduzem o potencial de crescimento da economia”, diz Livio Ribeiro, sócio da consultoria de negócios BRCG e especialista em economia internacional. “São muito robustas as evidências na história de que a integração comercial melhora a vida das pessoas. Ela aumenta a quantidade de produtos ofertados, diminuiu os preços deles e, com isso, melhora o bem estar da população.”
Tanto o Canadá quanto o México já informaram, nesta segunda, que adiaram a entrada em vigor das novas tarifas por um mês depois de conversa com Trump. O estrago e as incertezas, de toda maneira, já estão dados.
Entre os efeitos mais imediatos – e que afetam, inclusive, o Brasil -, Ribeiro menciona que as esperanças de juros e dólar mais baixos no mundo ficam adiadas por enquanto. “A flexibilidade dos juros no mundo desenvolvido está agora muito mais limitada; nos Estados Unidos a taxa ficou parada e na Europa há espaço para ainda haver apenas uma pequena queda adicional”, diz o economista. Juros mais altos nas principais economias do mundo elevam a aversão ao risco no mundo inteiro, inibindo investimentos nas bolsas de valores e também em economias emergentes como o Brasil. “O dólar deve agora ficar muito mais perto dos 6 reais do que dos 5 reais, enquanto as condições de financiamento externo também ficam piores.”