Ao fim de uma semana de trevas, Bolsa sobe 13% e volta aos 80 mil pontos
Ibovespa tem dia de ajuste técnico e registrou forte alta nesta sexta-feira 13, após semana de caos, com quatro 'circuit breakers'
O Ibovespa, principal indicador do desempenho de ações negociadas na B3, viveu uma verdadeira montanha-russa nesta semana. Depois de registrar perdas acachapantes, com direito a quatro acionamentos do circuit breaker — mecanismo que paralisa as negociações do pregão —, a Bolsa digeriu as perdas e voltou a crescer nesta sexta-feira, 13. A alta foi de 13,84%, alcançando a marca de 82.677 pontos. Apesar da recuperação, o saldo da semana é de uma queda de 15,6%.
Na manhã desta sexta, o Ibovespa abriu o pregão com forte alta de 14%, mas o avanço se arrefeceu rapidamente com a disseminação de rumores de que o primeiro teste do presidente Jair Bolsonaro para o novo coronavírus (Covid-19) teria dado positivo. Por volta das 12h30, o índice subia apenas 0,9%. Mas, diante da recusa, não demorou para que o Ibovespa retomasse o fôlego e terminasse o dia em alta. “Nós tivemos uma queda desproporcional nesta semana. Com o mercado mais calmo, com vários ativos com preços atrativos, o dia foi de um ajuste técnico”, disse Glauco Legat, analista-chefe da corretora Necton.
A bolsa brasileira foi na contramão de outras no mundo e seguiu as americanas. Em Tóquio, por exemplo, o pregão fez jus a uma sexta-feira 13. O principal índice acionário da bolsa japonesa despencou mais de 6%. Por aqui, o otimismo veio, sobretudo, dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, decidiu intervir na economia e anunciou um programa de oferta de liquidez avaliado em 5 trilhões de dólares para amenizar os impactos da pandemia nos próximos dias. “O Fed vai injetar mais dinheiro do que o que foi injetado em todo o período de crise hipotecária de 2008”, disse Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset. Soma-se a isso o fato do presidente americano, Donald Trump, ter declarado, na tarde desta sexta, estado de emergência nacional, o que lhe permitiu adicionar 50 bilhões de dólares para combater à disseminação da doença.
A medida, no entanto, pode ter impacto no dólar, que registrou uma valorização próxima a 20% frente ao real em 2020. Depois de ter ultrapassado o patamar dos 5 reais nesta semana, o Banco Central (BC) reagiu para mitigar os efeitos. Nesta sexta, a instituição ofertou 2 bilhões de dólares por meio de leilões de linha, que é uma venda com compromisso de recompra. É a primeira oferta líquida de moeda americana nessa modalidade desde 18 de dezembro de 2019. Com isso, o dólar até recuou durante o pregão, mas encerrou em nova alta, de 0,56%, para 4,813 reais — maior valor nominal para um fechamento da história.