Aposta em geração distribuída pode causar crise operacional, diz presidente da Elera
Karin Luchesi diz que baterias podem ser solução para dar resiliência ao sistema elétrico

O crescimento acelerado da geração de energia elétrica distribuída através de fontes intermitentes — como solar e eólica — pode causar uma verdadeira crise operacional no sistema elétrico brasileiro. A análise é da presidente da Elera Renováveis, uma das principais empresas do setor, Karin Regina Luchesi. “Precisamos endereçar isso, senão vamos ter uma crise operacional-técnica e o setor será inoperante”, diz a executiva.
Energia intermitente
As fontes de energia intermitentes criam uma sobreoferta quando há sol e vento, mas não conseguem prover energia ao país durante a noite ou momento com falta de vento. Nesse sentido, é necessário complementar essas fontes de energia com alternativas mais estáveis.
A geração através de fontes de energias intermitentes estimula o problema do curtailment — quando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisa promover cortes na geração de energia para estabilizar o sistema durante o dia, quando há a sobreoferta. A presidente da Elera lembrou o apagão de agosto de 2023 ao comentar o tema. O curtailment torna o sistema elétrico mais custoso, prejudicando todos os consumidores. “Um dos pilares da sustentabilidade é a sustentabilidade financeira e econômica”, diz a executiva.
Luchesi pontua que, para contornar a falta de energia verde durante a noite, o ONS frequentemente precisa despachar energias não renováveis e caras, como a proveniente de termelétricas. A falta de geração de energia que seja simultaneamente verde e estável — como hidrelétricas e usinas nucleares — prejudica a sustentabilidade climática e operacional do sistema. Outra alternativa é a armazenagem de energia solar e eólica em baterias para o consumo à noite. “As baterias talvez sejam a melhor solução para o problema de geração que temos”, diz a executiva. “Ao invés de desperdiçar o vento e o sol, podemos aproveitar quando precisarmos”.
Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do VEJA Mercado: